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Por que o Livro é caro no Brasil

Por que o Livro é caro no Brasil?

Pergunta certa, previsível e inevitável quando o assunto é o livro no Brasil. Na verdade o raciocínio é simples: tiragens reduzidas – vende-se pouco – para custos de produção altos e complexos.

O Papel, proporcional a tiragem, representa em média 7,5% do preço de capa. As tiragens – delta da questão – são em média pequenas e caras, sem força de escala para reduzir preços e baixar o valor unitário.

O vigoroso Mercado Editorial Brasileiro (3,3 Bilhões de reais em 2008 e um dos 10 maiores do mundo) quando comparado com o baixo índice de leitura do brasileiro (1,8 livros/ano por habitante) causa espanto e perplexidade.

Justificativas setoriais de que o índice de leitura está melhorando não convencem e desafiam a lógica. Como é possível um índice ter crescido em um mercado estagnado por quase uma década e ainda ter acumulado um encalhe de aproximadamente 189 milhões de livros na conta Produção x Vendas?

Em 2000 éramos aproximadamente 175 milhões. Hoje pouco mais de 190 milhões. Não se pode deixar de somar - no divisor das almas - mais 15 milhões de brasileiros.

Onde estão guardados esses 189 milhões de exemplares? Quantidade que corresponde – praticamente – à metade da produção de um ano.

Nos estoques? Fazendo o quê lá? Ou na verdade não existem? Ou nunca foram produzidos? Será que a produção de livros no Brasil não é tão vigorosa assim como afirmam os números? Os números mentem?

Alguém já conciliou e comparou a conta: consumo de Papel Imune X números de livros impressos?

Nesta tarefa ingrata, mas oportuna, não nos esqueçamos de somar o papel importado e de subtrair o papel imune usado indevidamente para fins comerciais e promocionais.

No bojo de uma produção, não tão vigorosa - baixas tiragens, perdas, desperdício, uso indevido de insumos, distribuição pífia, impostos indiretos, concorrência desleal, baixo poder aquisitivo, falta de educação e ausência de campanhas de peso pelo hábito da leitura - talvez, possamos encontrar mais outras razões que ajudem a explicar por que o livro é caro no Brasil.

João Scortecci