Dedicatória no rosto de um livro triste. Assim: Pra você e pra sempre! Li e acreditei. Guardei-o no asilado de mim. Lugar de sol e safra. Cadê você? Aguardei - no meu silêncio - notícias do front. Você soldado. Demorou saber - eu já sentia no peito - do seu passamento trágico. Capotou no asfalto. Perdeu os dedos! Era o que dizia a carta do aviso. Mendicidade literária: e o nosso “pra sempre”? Eu e o rosto de um livro triste. Brevidade nos olhos. Cruel saber que o seu derradeiro poema escreve o tempo: “Adiado fica. E amado se despede. Ainda cheio de dedos.”
24.05.2020