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DIA DE BARCO SEM VELAS

Dia de barco sem velas. Silêncio. De brisa e águas turvas. De rio e pedras agudas. Leveza de horas: no seu rumo incerto. Dia de lua de prata, espelho e brilho nos olhos. Reflexo do - eu de mim - nas areias do chão. Face oculta. Vento de capitão: que segue rio abaixo. Ele sabe o que faz. Isso importa? Talvez. Ele olha nos olhos do boto: não sei o quê. Desenha linhas - na distância do arco - no mapa do céu e suas estrelas. Mundo cadente. Vale riscar o universo? Talvez. O próprio infinito. Estamos na curva do sol? Quase. Fica logo ali. Espera e vê. Paciência. E se chover canivete? Você fica e sofre junto. É o incerto das flechas. Medo não arrasta barco. Dói o esforço do desafio? Dói. Dói muito. É o vício de viver esperanças. É sua última travessia? Talvez. Quem sabe.

João Scortecci