Acervino é nome próprio. Eu mesmo - depois de duvidar - vi na identidade do moço. Acervino de Jesus. E o que eu faço? Registra. Gostei dele. A carteira de trabalho dele é BV. Não entendi. Virgem! Nenhum registro. Ótimo. Sempre tem a primeira vez. Quem lhe deu esse “patrimônio” de nome? Foi minha santa mãe. Morreu quando eu tinha 15 anos. Lamento. E o seu pai concordou com a “funcional” escolha? Não tenho pai. Compreendo. Quem o criou? Minha avó Aquina. E o que sua avó fazia? Era arquivista. Está aposentada. Você tem um apelido: um nome de guerra? Sim. Vino de Jesus. Muito bem! Quando começo? Agora. Vai começar no arquivo de originais da editora. Vai classificá-los por nome e ano. Obrigado! Não por isso. Posso ir agora? Claro. Uma pergunta: o que significa Acervino? Significa acervo. Calma! Senta aí. Conta essa história. Você me deixou curioso! Minha mãe era bibliotecária e cuidava do acervo em uma fundação cultural, lá em Minas. Sei. Interessante. Isso explica tudo. Na verdade o meu nome ia ser Arquivino. De arquivo. Eita! O juiz do cartório não deixou. Sorte! Escolhe outro. Esse não! Na hora - na pressão - saiu Acervino. De acervo. Puxa! Sua mãe gostava mesmo do serviço. Gostava muito. Vez por outra dormia no trabalho fazendo um extra. Justo. Justíssimo. No meu aniversário de 15 anos - um ano antes de morrer - abriu o coração e me contou que fui feito no “gavetão” de um arquivo de aço. Brincadeira. Também acho. Aqui você vai ser feliz. Certeza. Vai estar no berço. No depósito - o que não falta - são arquivos, estantes, armários e mapotecas. Diga-me uma coisa: no acervo tinha mapotecas? Não sei. Por quê? Por nada. Já pensou se o seu nome fosse Mapovino de Jesus! Prefiro Acervino. Mais cultural. Verdade. Bom trabalho! Obrigado.
05.06.2020