A Grafite era do traço. Arteira que só ela. Uma primitiva! Rabiscava “aloegos” nas pedras e nas paredes das cavernas. Fabricava suas próprias armas rupestres: varas com pontas queimadas! Grafite o que você está fazendo? Arte primitiva! Respondia, sempre. É você que anda sujando as paredes da casa do Kaspar Faber? Não, juro. Deve ser coisa dos hominídeos. Pichadores? Não. Grafiteiros, socialmente organizados. Sabe o nome do líder? Talvez. Uma pergunta: o que vocês querem com ele? Propor um negócio novo – alta tecnologia - e lucrativo, chamado lápis. Lápis? Isso mesmo. Negócios da Família Faber. Querem abrir uma fábrica de lápis ou algo assim. O tio Alfredo Petrilli está nos convidando para visitar a fábrica da Faber-Castell, em São Carlos, interior de São Paulo. Vamos? Depende. Em que ano estamos? No ano de 1969. Quantos anos eu tenho: 13. A Grafite pode ir junto? Pode. Então eu vou. Está vendo aquela sala no fundo da fábrica? Estou. O que tem lá? Lápis. Vai lá e pega de presente quantos conseguir carregar. Posso encher os bolsos? Pode. A Grafite pode ir junto? Pode. O que você está fazendo? Tirando a camisa e fazendo uma “quenga” de lápis. E o frio? Hominídeos não sentem frio. Quem disse isso? O tempo.
João Scortecci
João Scortecci