No Ceará dos anos 60, bilhete viral: de amor,
de desprezo, de chamar para briga, fofocar vida alheia e segredar viralizava
mesmo era no fio da linha do cerol. Voava do pé do carretel de linha até o céu:
na boca da goela da arraia (pipa, papagaio). Era o vento que levava as
mensagens, os sonhos e os desejos do tempo. Era assim. O bilhete – telegrama -
subia zunindo: rápido e veloz! Bons ventos! Quando o bilhete empacava no meio
do destino era sinal de alerta e significava azar ou desgraça. Tudo podia acontecer!
Wagner Veneziani (1963-2019), editor da Madras Editora, dizia sempre: Quer
falar mal de mim? Então me procure primeiro. E eu conto para você coisas
terríveis sobre a minha pessoa! Wagner Veneziani foi um editor odiado e amado.
Fez amigos e deixou um legado importante para o mundo do livro. Gostava dele e
do uísque servido fartamente no seu estande durante as bienais do livro de São
Paulo. Desta vez o telegrama subiu feito rojão. Nada de E-mail, Whatsapp,
Facebook, Twitter, Instagram e jogo de fumaça. O bilhete foi de vento mesmo: do
carretel com cerol até a boca da goela da arraia.
23.08.2020
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