Monteiro, nascido em Avelar, freguesia portuguesa do concelho de Ansião, distrito de Leiria, centro de Portugal, veio para o Brasil depois do grande terremoto que destruiu a cidade de Lisboa, no ano de 1755. Embarcou para a Capitania do Ceará, fugindo das perseguições religiosas promovidas pelo poderoso primeiro-ministro português, Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo, 1699 - 1782), durante o reinado de D. José I (1750 - 1777), conhecido na história como “Período Pombalino”. Marquês de Pombal – responsável pelo projeto da reconstrução de Lisboa e um dos líderes pela expulsão dos jesuítas de Portugal – foi também perseguidor implacável e cruel dos cristãos-novos. Monteiro, cristão-novo, trouxe na mala – presente de sua mãe – uma imagem de Nossa Senhora da Guia, padroeira de Avelar e dos Navegantes, para que o protegesse durante a viagem ao Brasil. A imagem de Nossa Senhora da Guia, do século XVIII, guia e protege até hoje a Família Paula. Está sob a guarda da Família Paula Ventura, herdeiros do memorial de Maria Margarida de Paula Ventura, irmã do meu pai Luiz Gonzaga, ambos filhos de João Batista de Paula e Sara do Carmo Paula, bisnetos do português Monteiro. João Batista e Sarah eram primos legítimos. No Brasil-Colônia, o território do atual estado do Ceará era dividido em lotes. Monteiro – não se sabe por que e o que o levou à região – fixou residência no lote compreendido da foz do Rio Jaguaribe à foz do Rio Mundaú, região habitada pelos índios Cariris. Amigo da tribo, recebeu de presente uma esposa índia. A jovem – é o que dizem na família – era uma menina e não queria - ainda - se casar. Tentou fugir. Foi laçada e amarrada no lombo de uma monta. Juntos tiveram uma única filha, de nome Maria Monteiro (apelidada de Vovó Coração) que se casou com José do Carmo Ferreira Chaves, comerciante da cidade de Quixadá, interior do Ceará. Tiveram cinco filhos: Maria Carminda, Maria do Carmo, José do Carmo, Enéas do Carmo e Arthur do Carmo. Maria Carminda, a filha mais velha do casal, casou-se, então, com José Ferreira de Paula Filho e tiveram seis filhos. O mais novo da prole, João Batista de Paula (o “Batista da Light”), meu avô paterno, nasceu na cidade de Quixadá, no dia 26 de março de 1895 e faleceu aos 71 anos de idade, no ano de 1966. Batista – era assim que gostava de ser chamado – foi o meu avô amado. Nunca nos abandonamos e, vez por outra, ele aparece de estrela e guia, no coração do meu corpo espiritual. Vovó Coração, a índia da tribo dos Cariris é o elo que nos liga e alimenta nossas almas. Ela sempre volta - de tempos em tempos - e o seu espírito de luz nos guia através dos tempos.
João Scortecci
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