“Censores em ação” é um dos livros de Robert Darnton (Nova Iorque, 1939), publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras, em 2016. Professor, bibliotecário e doutor em História, Darnton é um respeitado historiador cultural e ex-diretor da Biblioteca de Harvard, que teve parte de seu acervo digitalizado pelo Google. Em “Censores em ação”, Darnton recria três momentos em que a censura restringiu a expressão literária. Na França, no século XVIII, censores, autores e livreiros colaboravam no fazer literário ao navegar na intricada cultura do privilégio em torno da realeza. Em 1857, na Índia, o Rajá britânico empreendeu uma investigação minuciosa dos aspectos da vida no país, transformando julgamentos literários em sentenças de prisão. Na Alemanha Oriental, a censura era tão onipresente que se instaurou na mente dos escritores como autocensura, com sequelas visíveis para a literatura nacional. Hoje recebi um link do globo.com de uma entrevista com Darnton, conduzida pelo jornalista Bolívar Torres, com a manchete “Biblioteca Nacional precisa ser cautelosa com o Google”. Relembrando o caso da digitalização de parte do acervo da Biblioteca de Harvard, Darnton alerta: “O diabo está nos detalhes”. É o alerta também para a Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que estuda uma parceria com o Google para digitalizar seu acervo. O crucial, diz ele, é evitar qualquer acordo que limite o uso de suas obras raras. O slogan do Google, “Don’t be evil” (não seja mau), lembra badalos de sinos ou sirenes giroflex, que costumam anunciar a chegada de um anjo torto e talvez de mais uma tragédia humana.
11.07.2021
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