O poeta, jornalista, memorialista e acadêmico Augusto Meyer (1902 - 1970), estreou na literatura em 1920, com o livro de poesias “A ilusão querida”, mas foi com os livros ”Coração verde”, “Giraluz” e “Poemas de Bilu” que conquistou renome nacional. Em 1937, convidado por Getúlio Vargas (1882 – 1954), por iniciativa do ministro da educação Gustavo Capanema (1900 – 1995), criou o INL - Instituto Nacional do Livro (Decreto-Lei nº 93, de 21/09/1937) e foi seu diretor durante trinta anos. Foram diretor, também, Sérgio Buarque de Holanda, Mário de Andrade, Fábio Lucas e outros. Em 1947, Augusto Meyer, recebeu o “Prêmio Filipe de Oliveira” na categoria Memórias e, em 1950, o “Prêmio Machado de Assis” da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra literária. Em 1960, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e Academia Brasileira de Filologia. O “INL - Instituto Nacional do Livro” objetivava elaborar uma enciclopédia e dicionário da língua brasileira que retratasse a identidade e a memória nacional e apoiar a implantação de bibliotecas públicas em todo o Brasil. Sua finalidade era propiciar meios para a produção, o aprimoramento do livro, melhoria dos serviços bibliotecários e a criação de bibliotecas como centros de formação da personalidade, de compreensão do mundo, de autoeducação e de centros de cultura. Em 1990, o INL - Instituto Nacional do Livro foi transformado em um departamento da FBN, o Departamento Nacional do Livro. Os objetivos e finalidades, quando da criação do INL, em parte, foram incluídas no Projeto de Lei nº 10.753/2003, chamada “Lei do Livro”, mediante as seguintes diretrizes: Assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro; o livro é o meio principal e insubstituível da difusão da cultura e transmissão do conhecimento, do fomento à pesquisa social e científica, da conservação do patrimônio nacional, da transformação e aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida; Fomentar e apoiar a produção, a edição, a difusão, a distribuição e a comercialização do livro; Estimular a produção intelectual dos escritores e autores brasileiros, tanto de obras científicas como culturais; Promover e incentivar o hábito da leitura; Propiciar os meios para fazer do Brasil um grande centro editorial; Competir no mercado internacional de livros, ampliando a exportação de livros nacionais; Apoiar a livre circulação do livro no País; Capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para seu progresso econômico, político, social e promover a justa distribuição do saber e da renda; Instalar e ampliar no País livrarias, bibliotecas e pontos de venda de livro; Propiciar aos autores, editores, distribuidores e livreiros as condições necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei e Assegurar às pessoas com deficiência visual o acesso à leitura. Conheci o professor-doutor, ensaísta, tradutor, ficcionista, e crítico literário mineiro Fábio Lucas, no ano de 1985, quando, então, presidente do “INL - Instituto Nacional do Livro”. Fábio Lucas ficou no cargo por dois anos. Depois renunciou. Sua passagem pelo INL foi frustrante. Brasília, para quem não conhece, não é nada fácil, principalmente nas áreas da cultura e da educação. Nossa amizade começou - coincidência ou não – quando, um dia, confessou-me: “Scortecci, o INL não dá.” Depois estivemos juntos em diretorias da UBE – União Brasileira de Escritores, em eventos do Prêmio Juca Pato (Intelectual do ano), Feiras e Bienais do livro, Congressos literários e em várias publicações. Em 1994, publicamos pela Scortecci Editora o livro-homenagem ao escritor Décio de Almeida Prado (1917 - 2000). Fábio Lucas, prefaciou, ainda, os meus livros de poesia: “Água e Sal - Fragmentos de Tempo Algum” e “Na Linha do Cerol - Reminiscências Poéticas”. De tudo, muitos anos trabalhando pelo livro, guardo, com carinho e saudade, as muitas manhãs, aos sábados, na sua residência da Rua Capitão Cavalcante, Vila Mariana, São Paulo, onde reuníamos escritores, entre eles, Lygia Fagundes Telles, Ricardo Ramos, Ruth Rocha, Caio Porfírio Carneiro, José Carlos Garbuglio, Anna Maria Martins, Lenilde de Freitas e outros. Bebíamos pinga mineira e uísque. Depois, quando a fome apertava, pontualmente, às 13 horas, rumávamos aos bandos, para o Restaurante Livorno, da Rua Vergueiro. O prato era o mesmo de sempre: Feijoada. De lá, depois, cada um, tomava o seu rumo, com uma única certeza na cabeça: sábado que vem tem mais! E assim foi, durante muitos anos.
João Scortecci