A poesia é o princípio da emoção. O começo do “nada” de algo. Nela, tudo é início que renasce, meio - linhagens de corpo e espírito - e fim, imortal e lúdico, pela vida. A poesia é a amálgama do verbo, núcleo do predicado das sentenças, dos versos, conjunto das composições poéticas, das palavras aladas, que tocam, ferem e salvam as letras da alma. A poesia - somente ela e mais que tudo - habita encontros e desencontros do pensamento, traça linhas nas cartas e nos mapas do papel, abraça - delineando luz - nas linhas do chão e da terra de estrelas.
A poesia - somente ela - é o princípio da razão enlouquecida, da loucura do equilíbrio - como todas as paixões -, o pêndulo magnético do sopro, o gozo de existir - sempre - além da própria existência. Nela - na poesia do corpo tatuado - nascem as dores do suor, os gritos do ventre e os cheiros da brisa.
A poesia é o princípio do éden, jardim de deus e dos poetas imortais. Aqui, o silêncio do eu de mim. Adiante, o derradeiro verso do algo de nada. Emoções na boca e no coração da alma que tudo vê, sente e respira: princípio e amor.
João Scortecci
Para o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).