“Sinédoque” é uma figura de linguagem – a palavra vem do grego e significa “compreender várias coisas conjuntamente”. É um tipo especial de “metonímia”. Caracteriza-se pela substituição de um termo por outro. Consiste na atribuição da parte pelo todo (pars pro toto), ou do todo pela parte (totum pro parte). Isso tudo - ou quase nada - para tentar entender, ou desenhar, quem sabe, o perfil da relação-sinédoque entre um fuzil - pedra que produz fogo - e um feijão - semente que alimenta e alegra a barriga dos brasis com proteínas, ferro, cálcio, vitaminas, carboidratos e fibras. Aqui - em dia de incertezas - descubro “conjuntamente” a relação-sinédoque entre fuzis e feijões. Leio, também, sobre flatulências, gases expelidos pelo ânus, puns, traques e muito sobre armas automáticas, modelo 762, de 20 tiros, que custam, aproximadamente, 12 mil reais, em lojas da Internet, o equivalente a 1600 quilos de feijão. Minha “pederneira” fartou-se de gases! Feito isso, iniciei, de pronto, outra leitura qualquer, numa sequência no modo “totum pro parte”. Na página seguinte, no rodapé das ideias, outra sinédoque. Coincidências não existem! Li sobre o rastilho de nitrato de potássio, enxofre e carvão que assola o país. Na fábula “João e o pé de feijão” o menino sonhador - troca uma vaca - a única que tinham - por um punhado de feijões mágicos. A mãe de João, enfurecida, joga os feijões pela janela. Os feijões brotam num gigante pé de feijão, que sobe até o céu. João, então, escala o feijoeiro e, no alto, encontra um castelo, lugar habitado por um gigante que se alimenta da miséria humana. A história continua, cheia de aventuras, até o dia em que João - fugindo do gigante que o persegue - com um machado, corta o pé de feijão.
João Scortecci
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