Todo cearense - de nascimento, coração ou de passagem repentina - tem paixão “arretada” pelo Farol do Mucuripe. Amor não se explica! Vive-se: desbragadamente. Erguido com alvenaria, madeira e ferro na década de 1840, funcionou por quase 100 anos. Em 1846, foi atingido por um incêndio e ficou adormecido por 45 anos, até o ano de 1871. Dizem - rimas e repentes de poeta - que, durante o seu silêncio e no melhor dos ventos foi “Cego Aderaldo” (Aderaldo Ferreira de Araújo, 1878 - 1967) quem conduziu a direção segura das velas. É o que dizem! Cego Aderaldo nasceu em Quixadá, terra do meu avô paterno João Batista (O “Batista da Light”) e morada espiritual da imortal tia-avó Rachel de Queiroz (1910 - 2003). O Farol do Mucuripe piscava a todo minuto, e sua luz “amarelada” era visível a 24 quilômetros de distância. Consolidou-se como um importante marco da cidade, e sua estampa de “cidade do sol” figura - desde o século XIX - no brasão do estado do Ceará. Em 1958, obsoleto, o farol foi desativado. Mais de 20 anos depois, ganhou uma revitalização e foi - novamente – esquecido. Hoje, está abandonado. Em 2017, a cidade de Fortaleza ganhou um novo farol, no bairro Vicente Pinzón, (Vicente Yáñez Pinzón), com 72 metros de altura e três vezes mais alto que o do Mucuripe. Segundo a Marinha, o novo farol conserva o aparelho lenticular do farol anterior, de alto valor histórico e simbólico, por ter pertencido a Dom Pedro II. "Ele é o castelo tomado pelos meninos da praia, que, na falta de opções de lazer, fingem ser piratas e escorregam pelas muretas pedregosas", escreveu a jornalista cearense Beatriz Jucá, no "El País - Brasil". O texto de Beatriz - de passagem repentina - fez-me lembrar da abertura da obra “Capitães da Areia” do escritor baiano Jorge Amado. O Farol do Mucuripe, São os olhos do mar, - música do Pessoal do Ceará Amelinha, Belchior, Fagner, Fausto Nilo, Ednardo, Rodger Rogério e Téti - ainda pisca, nos olhos do poeta Aderaldo e no coração distante – de quase exílio - do Eu menino. Vicente Pinzón - navegador e explorador espanhol - que um dia me leve de volta, de passagem repentina.
João Scortecci
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