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ANTIPAS, HERODIAS, SALOMÉ E A CABEÇA DE JOÃO BATISTA NUMA BANDEJA DE PRATA

Salomé – sobrinha de Herodes Antipas (20 a.C. – 39 d.C.), tetrarca da Galileia e da Pereia; neta de Herodes, o Grande; filha de Herodes Filipe (meio-irmão de Antipas) e Herodias (ou Herodíade) – é apontada como responsável pela execução de João Batista, o “Misericordioso Abençoador”. João tinha muitos seguidores e pregava dizendo que deveriam exercer a virtude e a retidão. Usava o batismo – batizou Jesus no Rio Jordão – como símbolo de purificação da alma. A pedido de Salomé, por intervenção de Herodias, sua mãe, João foi aprisionado na Pereia, região localizada a leste do Mar Morto, na Jordânia, e foi levado para a fortaleza de Machaerus, onde foi mantido por dez meses, até o dia de sua morte. Salomé recebeu de Antipas a cabeça de João, que lhe foi entregue numa bandeja de prata. O historiador e apologista judaico-romano Flávio Josefo (37 ou 38 – ca. 100) registrou “in loco” a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., pelas tropas do imperador romano Vespasiano (Tito Flávio Vespasiano, 9 d.C – 79 d.C). As obras desse historiador – “A Guerra dos Judeus” e “Antiguidades Judaicas” – fornecem um importante panorama sobre o judaísmo no século I, bem como sobre o período em que ocorreu a separação definitiva entre cristianismo e judaísmo. Flávio Josefo relaciona a derrota do exército de Antipas, frente a Aretas IV, rei da Nabateia (tribo árabe do Sinai, que existiu durante a Antiguidade Clássica e foi anexada pelo Império Romano no ano 106 d.C.), com a prisão e morte de João Batista. Salomé, bailarina que era, depois de dançar aos olhos do rei, ganhou o direito de fazer um pedido inusitado. Foi quando interveio Herodias, sua mãe, que odiava João Batista, pois ele a acusava de adultério, por ter deixado seu esposo, Herodes Filipe, para juntar-se ao irmão dele, Herodes Antipas. Herodias, então, instruiu Salomé para que pedisse ao rei a cabeça de João Batista, e ela assim o fez. Para poder casar com Herodias, Antipas teve de se divorciar da sua primeira esposa, Fasélia, filha do rei Aretas IV, que, humilhado e inconformado, derrotou-o na guerra. Em 1549, o teólogo e dramaturgo suíço Johannes Aal (Johannes Anguilla, 1500-1551) encenou, pela primeira vez, em Berna, capital da Suíça, uma tragédia sobre a vida de João Batista. A tragédia – em quatro atos – ridiculariza a nobreza e a corte, bem como a curiosidade, a paixão pela elegância, a loquacidade e a arte de sedução das mulheres, referindo-se, provavelmente, a Herodias, que, na trama da história, provocou guerras, instigou separações e, de quebra, colocou a cabeça de João Batista, o “Misericordioso Abençoador”, numa bandeja de prata.

28.05.2022