Indulgência (do latim “indulgentia”, que provém de “indulgeo”: “para ser gentil”) é a remissão total ou parcial – concedida pela Igreja Católica – da pena temporal devida pelo mal causado como consequência do pecado já perdoado por meio da confissão sacramental. No sacramento da Penitência, a culpa do pecado é removida, permanecendo somente a pena temporal, exigida pela Justiça Divina. Essa exigência deve ser cumprida na vida presente ou na depois da morte, no Purgatório. Uma indulgência oferece ao pecador meios para que pague essa dívida, reparando o mal que teria sido cometido em razão do pecado. O “Édito de Worms” foi um decreto do imperador romano Carlos V (1500 - 1558), que proibiu os escritos de Martinho Lutero (1483 - 1546), uma das figuras centrais da Reforma Protestante, e rotulou-o como “inimigo do Estado”. Publicado em 25 de maio de 1521, na cidade de Worms, na Alemanha, o édito pôs fim a uma constante luta entre Martinho Lutero e a Igreja Católica Romana, sobre a Reforma, especialmente em relação à venda de indulgências. Martinho Lutero levantou-se contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências. Essa discordância resultou na publicação, em 1517, de suas famosas “95 Teses” (“Disputação do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências”), em um contexto de conflito aberto contra o vendedor de indulgências, Johann Tetzel (1465 - 1519). A recusa de Lutero em se retratar – a pedido do Papa Leão X, em 1520, e do Imperador Carlos V, no “Édito de Worms” – resultou em sua excomunhão e sua condenação pela Igreja Católica Romana. Tetzel foi acusado – um escândalo na época – de vender perdão total pelos pecados ainda não cometidos. Acreditava-se que metade do dinheiro por ele arrecadado tenha se destinado à construção da Basílica de São Pedro, erguida pelo Imperador Constantino em 18 de abril de 1506 e concluída em 18 de novembro de 1626; e que a outra metade do dinheiro tenha ficado com o arcebispo de Mainz, o Cardeal Albert de Brandenburg (1490 – 1545), para pagar as dívidas contraídas com o propósito de garantir sua nomeação ao arcebispado. Martinho Lutero, então, começou a pregar abertamente contra ele, como nas suas teses 27 e 28, em que afirma: “Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do Purgatório para o Céu].” “Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.”