O poeta e contista português Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916) foi um dos grandes expoentes do modernismo português e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu (Revista Literária Orpheu, 1915). Suicidou-se jovem, com apenas 25 anos de idade, no Hotel de Nice, em Paris, utilizando-se de cinco frascos de arseniato de estricnina. Sua carta de despedida - onde revela suas razões - foi escrita para o amigo Fernando Pessoa (1888 – 1935), datada de 31 de março de 1916: “... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero: o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias – ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a meus olhos, não há outra saída...” Mário de Sá Carneiro escreveu ainda - versos - sobre o seu funeral: "Quando eu morrer batam em latas, rompam aos saltos e aos pinotes, façam estalar no ar chicotes, chamem palhaços e acrobatas! Que o meu caixão vá sobre um burro, Ajaezado - aparelhado, cheio de enfeites; ornado -, adereçado à andaluza. A um morto nada se recusa, e eu quero por força ir de burro!" Não há registro de que sua última vontade tenha sido atendida. Isso me assustou! Pobre Mário de Sá-Carneiro. Aqui com os meus ossos: o meu epitáfio é público. Não peço muito, creio. Alguns mimos, radinho de pilha, bandeira que canta e vibra e “Tiro ao Alvaro” do Mestre Adoniran Barbosa, na voz – se possível - da minha irmã caçula Ana Candura.
João Scortecci
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