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PEDRO AMÉRICO, MUSEU DO IPIRANGA E O CORAÇÃO DE PEDRO


Conheci o poeta, filósofo e pintor paraibano Pedro Américo (Pedro Américo de Figueiredo e Melo, 1843 – 1905) no ano de 1972, quando da minha visita ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo – popularmente conhecido como “Museu do Ipiranga” –, curioso que eu estava, na época, depois de ganhar um concurso de melhor frase sobre o Sesquicentenário da Independência do Brasil. Pedro Américo apresentou-se “imenso”, belíssimo, maior do que eu podia imaginar. Colossal! Mostrava de sua arte “O Grito do Ipiranga”, óleo sobre tela, medindo 4,15 × 7,6 m, datado de 1888, 66 anos depois da Proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Nessa época, Pedro Américo ainda não havia nascido. Estranho. Disseram-me, então, ali mesmo na imensidão do salão do Museu, que o quadro havia sido uma encomenda do Imperador Pedro II, no ano de 1886, às vésperas da Proclamação da República. Hoje, lendo na “Folha de S. Paulo” a matéria “Pinturas excluíram povo e violência para criar mito do 7 de Setembro”, do jornalista Oscar Pilagallo, sobre o livro “O Sequestro da Independência”, de Carlos Lima Jr., Lilia Schwarcz e Lúcia Stumpf, pude, oportunamente, voltar ao quadro de Pedro Américo e observar, de fato, as ausências apontadas. Não visitava o quadro desde o ano de 1972. Há 50 anos! Lembro-me, agora, depois da provocação visual, de ter olhado – demoradamente – para o carro de boi, à esquerda, com o seu condutor, e, mais acima, para uma testemunha ali retratada, observando – passivamente – o “grito de independência”. Nada mais que isso. Li e reli a matéria do jornalista Oscar Pilagallo. Interessante. Recomendo. Não conheço o livro. Ando, ainda, amargurado, tentando esquecer a imagem “macabra” do coração de Pedro I, exposto no sinistro pote da história. "É tempo! Independência ou Morte! Estamos separados de Portugal!"

28.08.2022