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COLÉGIO DES OISEAUX, PARQUE AUGUSTA E O TIO DA CARRUAGEM

O engenheiro e arquiteto ítalo-brasileiro Emilio Fagnani (1870 – 1906), imigrou para o Brasil, aos 17 anos de idade, vindo de Pescopennataro, comuna italiana da região do Molise, província de Isérnia, com a profissão de entrada como "gesseiro". Foi o construtor, em 1901, do palacete projetado pelo arquiteto francês Victor Dubugras (Victor Jean Baptiste Dubugras, 1868 –1933), um dos precursores da arquitetura moderna na América Latina, para ser a residência da família de Fábio Uchôa. Em 1906, o palacete foi vendido para o Colégio Des Oiseaux, da Ordem dos Regrantes de Santo Agostinho, tradicional colégio feminino e centro educacional da burguesia paulistana, ocupando terreno de 24.000 m², na esquina das ruas Augusta e Caio Prado, no distrito da Consolação, na capital paulista. As moças do Des Oiseaux recebiam educação formal, aprendiam francês, latim, tinham aulas de canto, bordado e boas maneiras. O colégio funcionou por 64 anos, encerrando suas atividades em 1969. O prédio foi demolido em 1974, numa ação bastante controversa e muito criticada na época. Em 2004, o bosque ali existente foi tombado por resolução do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo e, em 6 de novembro de 2021, foi inaugurado com o nome de Parque Augusta – Prefeito Bruno Covas. Quem visita o parque ainda encontra – preservados – os alicerces do palacete. Foram restauradas e tombadas duas construções antigas: o portal de entrada do parque da Rua Caio Prado e a Casa das Araras. O levantamento da fauna mostrou a existência de 21 espécies de aves silvestres e do bosque, formado por mais de 900 árvores catalogadas, com espécies nativas e exóticas. Visitando o endereço na Internet “São Paulo Antiga”, na seção de profissões antigas, encontrei matéria interessante sobre o transporte escolar dos anos 1910. O conhecido “Tio da Perua” era, antigamente, o “Tio da Carruagem”. Na foto, ele aparece levando de volta para casa, soltas e amontoadas, meninas da elite paulistana, alunas do Colégio Des Oiseaux. E pensar que até outro dia não usávamos cinto de segurança, carregávamos crianças de colo no banco do passageiro, no chiqueirinho do Fusca e na caçamba da picape, do Jeep ou da Rural. Ninguém morria, ninguém reclamava e todos os pais recebiam seus filhos – de um jeito ou de outro – felizes, e são e salvos!