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“TIRO-LIROLÁ, TIRO-LIROLÍ” E O ETERNO OSMAR SANTOS

O radialista e locutor esportivo Osmar Santos (Osmar Aparecido dos Santos, 1949 – ) dispensa apresentações. É o pai da matéria! É considerado um dos maiores narradores da história do rádio brasileiro. Trabalhou como locutor esportivo nas rádios Jovem Pan, Record e Globo e nas TVs Manchete e Globo. Criou bordões inesquecíveis: "Parou por quê? Por que parou?", “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha!”, "Tiro-lirolá, Tiro-lirolí” e “Que GOOOOOOOOOOOOL!!!". Foi Osmar Santos quem criou a expressão "Animal", para se referir ao jogador Edmundo, hoje marca registrada do ex-atleta da bola. Osmar Santos teve participação importante na campanha das “Diretas Já” pela democratização do Brasil. O conheci pessoalmente no final dos anos 1970, na Universidade Mackenzie, quando, na época, namorava a estudante da Faculdade de Direito, Rosa Maria Pardini de Sá, que se tornaria, em 1981, sua esposa. Em dias de jogos do Palmeiras ­– ele, como narrador, e eu, torcedor fanático – nos encontrávamos no Auto Posto Bauru, localizado na Rua Cayowaá, nas cercanias do Estádio Palestra Itália, hoje Allianz Parque. Guardávamos nossos carros lá. Éramos – quase sempre – os primeiros a chegar e – vez por outra - rolava um papo. Alguns meses antes do terrível acidente automobilístico que sofreu, cheguei mais cedo do que o costume, e o seu carro - Um gol branco, creio - já estava lá, estacionado na vaga 1. Osmar dormia - profundamente - deitado, no banco do motorista. O jogo começava às 16h e ainda eram 12h40. Sabia que Osmar Santos, na época, entrava no serviço às 13h30, pontualmente. Decidi, então, esperá-lo. Tomei café, escutei rádio, fiz anotações num bloquinho de papel, matando o tempo. Deu 13h25 e nada. Preocupado com a hora, decidi "agir". Balancei o carro, bati no vidro e nada! Chamei, então, o gerente do posto e juntos, decidimos, abrir a porta do carro e acordá-lo. A porta do carro estava destravada. Osmar Santos deu um pulo e gritou! O posto inteiro - já lotadíssimo de gente - escutou o grito! Parecia ter tido um pesadelo, algo assim. Passado o susto, limpou a baba da boca, sorriu e então, justificou-se: “Perdão, não dormi direito! Dirigi a noite toda e acabei perdendo a hora!”. "Vamos?" Perguntou. Osmar Santos nasceu em Osvaldo Cruz, cidade do interior de São Paulo, distante 108 km da cidade de Marília. No caminho na direção do estádio, perguntou-me, timidamente: “Falei alguma bobagem?”. “Que você é Palmeirense roxo!”, brinquei. Ele riu. Em 22 de dezembro de 1994, Osmar Santos sofreu um grave acidente de carro, numa viagem de Marília à cidade de Birigui, quando foi atingido por um caminhão dirigido por um motorista bêbado. O acidente causou-lhe graves danos cerebrais, com sérias sequelas, a principal delas, “afasia de broca”, que afeta a fala, impedindo-o, infelizmente, de continuar trabalhando como narrador esportivo e de gritar: “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha!”, para deleite de milhões de boleiros e admiradores do grande Osmar Santos, o pai da matéria.   

João Scortecci