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ABDUZIDO POR UM DISCO VOADOR

O que fazer quando eles chegarem? Gosto da pergunta. Ela me provoca, mexe com a minha imaginação. Ela marca algo no futuro, um encontro, talvez, ou um dia qualquer, no amanhã. Quando criança, esperava Papai Noel chegar, descer por uma chaminé, numa casa que nem chaminé tinha. Na infância, esperei pelos meus aniversários, pelos natais para desfiar e comer peru, viagens longas, passeios, encontros, reformas na casa, festas juninas, acampamentos de escoteiros, carnavais de rua, presentes, danações, rever amigos da escola, cadernos e livros novos e férias intermináveis, nas areias do mar de Aquiraz, no Ceará dos anos 1960. Estamos sempre esperando algo! Faz parte. Com o tempo, mudam-se as prioridades, mas somos – sempre – os mesmos: feitos de esperas, sonhos e ilusões! Boas ou ruins. É a vida como ela é. E quando eles chegarem de vez? Pergunto-me, sempre. Costumo dizer – brincando, talvez – que não gosto de três coisas na vida: surpresas, sustos e apatias! Estava assistindo na TV – meio sonolento – matéria sobre os 55 anos de publicação do livro “Eram os deuses astronautas?” (1968), do suíço Erich von Däniken. O livro marcou minha adolescência e minha existência – mexeu com as minhas raízes. Acho que o li no ano de 1973, numa edição publicada pela Companhia Melhoramentos. Devo ter, ainda, o exemplar em algum lugar. Vou, depois, revisitá-lo. Antes que me perguntem se já vi objetos voadores não identificados, eu respondo: sim! Foi em Fortaleza, no final dos anos 1960. Eu e a galera da rua. Cinco objetos, no sol do meio-dia. Foi incrível. Voltando à reportagem com o incrível Erich von Däniken veio-me, novamente, a pergunta de uma vida inteira: o que fazer quando eles – os extraterrestres – chegarem? Respondo, sem pestanejar: quero ser abduzido, raptado, levado junto e, se possível, não devolvido: vivo ou morto! Já escrevi sobre isso num poema não publicado nos anos 1970. O último verso do poema dizia: "Na dúvida levarei comigo o meu último livro de poesias!". Aqui cabe um registro: adoro o verbo “abduzir”. É o que faço com as estrelas, em noites de lobisomem. Olha-se pouco para o céu!


João Scortecci