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NO TÚNEL DO TEMPO

Quando criança – vez por outra – sonhava em viajar no tempo. Para o passado, para vivenciar acontecimentos e grandes momentos da história. Livros e filmes de ficção científica – até aqueles ruins de tudo, chamados de “filmes B” – mexem com o meu espírito volátil. Quando menino, isso nos anos 1960, adorava a série de TV americana “O túnel do tempo” (1966 – 1969), do diretor, produtor de cinema e de televisão Irwin Allen (1916 – 1991). A série foi sucesso mundial, e uma geração inteira “navegou” junto, no espaço-tempo. Um detalhe interessante: a dupla - astros da série - chegavam no lugar do passado na véspera ou na hora do grande dia. O culpado de tudo, se é que existe um, foi o escritor francês Júlio Verne (1828 – 1905), autor de mais de 50 obras de ficção científica, entre elas: “Viagem ao centro da terra” (1864), “Vinte mil léguas submarinas” (1870) e “A volta ao mundo em oitenta dias” (1873). Depois, vieram outros também culpados: Aldous Huxley (1894 – 1963), Arthur C. Clarke (1917 – 2008), Isaac Asimov (1920 – 1992), George Orwell (1903 – 1950) e HG Wells (1866 – 1946). Lendo sobre a “Conspiração de Pisão” (Caio Calpúrnio Pisão), senador romano que viveu durante o século I d. C., mentor do mais famoso atentado entre os muitos outros realizados contra a vida do imperador Nero (Nero Cláudio César Augusto Germânico), o qual, em 68 d. C., aos 30 anos de idade, acabou cometendo suicídio assistido, com ajuda do seu secretário Epafrodito, escravo liberto, que o apunhalou mortalmente. Da malograda “Conspiração de Pisão” também participou Lucano (Marco Aneu Lucano, 39 d. C. – 65 d. C.), poeta romano, sobrinho de Sêneca (Lúcio Aneu Séneca, 4 a. C. – 65 d. C.), filósofo estoico e um dos mais célebres intelectuais do Império Romano. Marco Aneu Lucano foi preso e obrigado ao suicídio, aos 26 anos de idade, deixando inacabada a epopeia “Farsália”, obra explicitamente em oposição a “Eneida”, poema épico do poeta romano Virgílio (Públio Virgílio Maro, 70 a. C. – 19 a. C.), em que é narrada a saga de Eneias, um troiano que é salvo dos gregos na guerra de Troia e viaja errante pelo Mediterrâneo até chegar à Península Itálica, propondo ser o ancestral de todos os romanos. Muita tragédia! Uma das viagens que pretendo fazer no túnel do tempo, já no roteiro, quando possível, claro, é encontrar-me com o filósofo Zenão de Cítio, em Atenas, no início do século III a. C, abraçar junto, também, Marco Lucano e Sêneca, o moço. Na sorte – ainda – penso em ajudar Lucano a escrever os dois últimos cantos que faltaram para concluir a epopeia “Farsália”. Quanto ao desejo de viajar para o futuro, desconfio que ele não exista. Simples assim.

João Scortecci