A lagarta do pé de vento - liberta da tesoura do telhado - virou borboleta azul do céu. E voou. Bela e lúcida, na luz da manhã. Eu vi, eu estava lá, desejei, então, voar, junto. Voar mundos, no delta de suas asas, além do horizonte. Naufragar! Desavisado de tudo: atravessar, perdidamente, o umbral do tempo. Voltar ao berço, ao mirador, ao ventre. Metamorfosear-me! Na tempestade do infinito, e no silencio do âmago, então, girar, mais uma vez, a chave do casulo, e partir, talvez.
Manhã de luz. De muito sol. A borboleta azul - perdidamente - sumiu. Escafedeu-se! O fogaréu - agora - é outro, diferente, creio. Menos fátuo. No umbral - café e pão fresco - no caminho, em movimento. Faço, então, uma releitura do lugar, do espaço, das minhas guerras. Alguém - da cozinha, talvez - chama-me, de longe. Volto. Saio do transe. Retorno, fracionado, ao voo da lagarta do pé de vento. Algo me diz que a minha alma está - novamente - presente. Qual a direção? Qual o destino? Não sei, ainda.
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O SEGREDO DA LAGARTA
João Scortecci