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REVISTA ANIMATOGRAPHO E OS PRIMÓRDIOS DO CIMENA BRASILEIRO

“Animatographo”, a primeira revista especializada em cinema do Brasil, foi lançada em 1898 pelo empresário ítalo-brasileiro, natural da comuna italiana de Salerno, Paschoal Segreto (1868 – 1920). A publicação teve apenas quatro edições, e o conteúdo editorial era a divulgação de filmes do Salão de Novidades Paris, uma sala de exibição do próprio empresário. Paschoal, considerado o pioneiro do cinema brasileiro, chegou ao Brasil em 1883, com 15 anos de idade, na companhia do irmão mais velho, Gaetano Segreto (1866 – 1908). Paschoal e Gaetano começaram a trabalhar como vendedores de jornais. Espertos e malandros, foram detidos várias vezes, acusados de trambiques e de pequenos delitos. Em 1907, com 39 anos de idade, a partir de sua amizade com o bicheiro carioca José Roberto Cunha Sales (1840 – 1903), Paschoal Segreto se tornou um grande empresário, proprietário de casas de espetáculos, de jogos e teatros, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Sua fortuna e sua influência vieram, provavelmente, da sociedade com o bicheiro carioca, de quem Paschoal era o “testa de ferro”. Gaetano Segreto não seguiu os negócios do irmão, tornando-se distribuidor exclusivo do jornal “A Notícia” e proprietário do jornal da comunidade italiana “I Bersagliere”. Gaetano morreu jovem, aos 42 anos de idade, e seus filhos foram criados por Paschoal. A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em 8 de julho de 1896, por iniciativa do exibidor itinerante belga Henri Paillie. Naquela noite, numa sala alugada do “Jornal do Commercio”, na Rua do Ouvidor, 141, na cidade do Rio de Janeiro, foram projetados oito filmetes de cerca de um minuto cada, com interrupções entre eles e retratando apenas cenas pitorescas do cotidiano de cidades da Europa. Em 1897, Paschoal Segreto inaugurou a primeira sala fixa de cinema, o Salão de Novidades Paris. Os primeiros filmes brasileiros foram rodados entre 1897 e 1898: "Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara", "Chegada do trem em Petrópolis", "Bailado de crianças no Colégio, no Andaraí" e "Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama", todos datados de 1897. Paschoal investiu, também, no Teatro de Revista – gênero teatral de gosto marcadamente popular, que teve importância na história das artes cênicas, tanto no Brasil como em Portugal, até meados do século XX, quando alcançou o seu auge. Pelas realizações inovadoras de Paschoal Segreto, o ator, diretor de teatro e dramaturgo Procópio Ferreira (João Procópio Ferreira, 1898 – 1979) o chamava de "papa do teatro brasileiro". Affonso Segreto, irmão caçula de Paschoal, chegou ao Brasil em 19 de junho de 1898, trazendo consigo uma câmara Lumière, com a qual filmou a entrada do navio “Paquebot Brésil” na enseada da Baía de Guanabara, as fortalezas e os navios ancorados no porto. O filmete "Vista da Baía da Guanabara", do cineasta Affonso Segreto, é considerado o primeiro filme brasileiro. E, desde os anos 1970, em 19 de junho se comemora o “Dia do Cinema Brasileiro”.

João Scortecci