Pesquisar

EINAUDI EDITORA E ITALO CALVINO: O ESPÍRITO DIGERE AS COISAS MAIS DURAS!

Italo Calvino (1923 – 1985), um dos mais importantes escritores italianos do século XX, foi um dos colaboradores da editora italiana Einaudi, fundada por Giulio Einaudi (1912 – 1999) em 15 de novembro de 1933, na cidade de Turim. Logo após a sua fundação, a casa editorial começou a ser perseguida pelo estado fascista. Em 1935, o editor Giulio Einaudi foi preso e enviado à fronteira italiana. O símbolo da editora é um avestruz, que segura com o bico um prego, ladeado por um listel com o lema, em latim: “Spiritus durissima coquit”. A imagem foi criada no século XVI, pelo médico, historiador, biógrafo e prelado italiano Paolo Giovio (1483 – 1552) e foi escolhida pelo crítico de arte e literatura Mario Praz (1896 – 1982) para as edições da revista italiana La cultura. O símbolo se ligou à editora Einaudi quando esta comprou a revista. Desde a sua fundação, a Einaudi contou com colaboradores como Cesare Pavese, Giaime Pintor, Massimo Mila, Elio Vittorini, Leone Ginzburg, além de Italo Calvino. A Einaudi passou por um período de crise nos anos 1970 e 1980, mesma época do projeto Einaudi-Gallimard, uma colaboração com a editora francesa Gallimard – fundada por Jacques Schiffrin, em 1931 – para distribuir no mercado italiano as célebres edições da Bibliothèque de la Pléiade, produção de obras com refinado cuidado editorial e acurada seleção de autores e suas Obras Completas. Em 1994, a Einaudi foi comprada pelo grupo Mondadori, do editor italiano Arnoldo Mondadori (1889 – 1971), hoje o maior grupo editorial da Itália, e sua sede, em Milão, foi projetada pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Italo Calvino nasceu em Santiago de las Vegas, província da Cidade de Havana, Cuba, em 15 de outubro de 1923, filho de pais cientistas italianos. Sua literatura é considerada sincera, delicada e extremamente ágil. Formado em Letras, iniciou o curso de Agronomia, o qual abandonou para participar da resistência ao fascismo, durante a Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, conheceu diversos militantes comunistas, passou a trabalhar no jornal comunista L’Unità e na editora Einaudi. Foi membro do Partido Comunista Italiano até 1956, tendo se desfiliado em 1957, em função da invasão dos soviéticos na Hungria e dos crimes cometidos por Stalin. Em 1947, publicou seu primeiro livro de ficção intitulado A trilha dos ninhos de aranha, inspirado em sua participação nos movimentos de resistência. Foi na década de 1950 que começou a publicar os livros que o tornaram famoso internacionalmente. O primeiro deles, de 1952, foi O visconde partido ao meio, seguido por clássicos, como O barão nas árvores, de 1957, O cavaleiro inexistente, de 1959, O castelo dos destinos cruzados, de 1969, As cidades invisíveis, de 1972, Se numa noite de inverno um viajante, de 1979, e Palomar, de 1983. Escreveu também ensaios, muitos dos quais foram publicados postumamente em livros, como Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas, de 1988, e Por que ler os clássicos, de 1991. Aos 61 anos de idade, Italo Calvino foi vítima de hemorragia cerebral e faleceu no dia 19 de setembro de 1985, em Siena, Itália, deixando um imenso legado literário e duradouras lições para a literatura mundial. 

João Scortecci