O “Correio Paulistano” foi o primeiro jornal diário paulista e o terceiro do Brasil. Teve como fundador o proprietário da Typographia Imparcial – sucessora da Typographia Liberal (1854 até 1888) –, de Azevedo Marques (Joaquim Roberto de Azevedo Marques, 1824 – 1892), e, como primeiro redator, Pedro Taques de Almeida Alvim. O jornal nasceu liberal e teve posições avançadas, em sua época. Posteriormente, aderiu ao Partido Conservador e, após a criação do Partido Republicano Paulista (PRP), passou a ser seu órgão oficial, em junho de 1890. Durante o período imperial, foi um forte formador de opinião pública. Notabilizou-se pela defesa da abolição da escravatura e da causa republicana. Mais tarde, apesar de ser dirigido e sustentado por oligarcas tradicionalistas, foi o único, entre os grandes jornais de São Paulo, a apoiar a Semana de Arte Moderna de 1922, reconhecendo o vanguardismo do movimento modernista – enquanto os demais jornais da época se referiam aos modernistas como "subversores da arte", "espíritos cretinos e débeis" ou "futuristas endiabrados". A presença do poeta, jornalista, tabelião, advogado, romancista, pintor e ensaísta Menotti Del Picchia (1892 – 1988) na redação – ou “Helios” como costumava assinar a sua coluna "Crônica social" –, foi fundamental para o apoio do jornal à Semana de 22. O "Correio Paulistano" circulou de 1854 até 1963, encerrando suas atividades com 33.882 edições veiculadas na cidade. O prédio do jornal ficava na esquina da Rua Líbero Badaró com o Largo de São Bento, no centro histórico da capital paulista. Por muitos anos, o papel – então importado – utilizado na impressão de jornais era popularmente conhecido como "papel CP", sigla alusiva às letras iniciais do "Correio Paulistano". Além do pioneirismo liberal e de posições avançadas para a época de sua fundação, foi o primeiro jornal a ser impresso em máquinas de aço, abandonando a mão de obra escrava; o primeiro com oficinas a vapor; o primeiro publicado às segundas-feiras; o primeiro a ser impresso em uma máquina rotativa; o primeiro no formato Standard, 600 x 750 mm; e o primeiro a contratar fotógrafos profissionais para ilustrar suas matérias. O jornal foi fechado até 1934, por ordem de Getúlio Vargas. As oficinas foram incorporadas ao patrimônio do estado de São Paulo. Daí em diante, o jornal teve vários proprietários, até ser definitivamente fechado em 1963.
João Scortecci