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BIBLIOTECA DE NÍNIVE E A EPOPEIA DE GILGAMESH

A Epopeia de Gilgamesh - coleção de placas em argila contendo textos - é um poema épico da Mesopotâmia escrito em cuneiforme, tipo de escrita, criada pelos sumérios por volta de 3200 a.C, feita com objetos em formato de cunha. Em 1849, o arqueólogo britânico Austen Henry Layard (1817 - 1894) descobriu as ruínas da Biblioteca de Nínive, criada pelo rei assírio Assurbanípal e lá encontrou também 12 tábuas de argila, cada qual contendo cerca de 300 versos da famosa “Epopeia de Gilgamesh”, escrito pelos sumérios em torno de 2000 a.C.. A narrativa da Epopeia de Gilgamesh conta os eventos de Gilgamesh, quinto rei de Uruk, cidade da Suméria - posterior Babilônia - situada a leste do rio Eufrates, a sul-sudeste de Bagdá. Na história narrada pelo poema, Gilgamesh é apresentado como um rei despótico, arrogante, que oprimia o seu povo e conta sua epopeia em busca - sem sucesso - da humildade, caminho espiritual para a imortalidade. Os deuses, então, criaram Enkidu - figura lendária na antiga mitologia mesopotâmica, camarada de guerra - e o enviaram ao encontro do rei com a missão de torná-lo mais humilde. A Biblioteca de Nínive é considerada a primeira biblioteca da história. A grandeza de Nínive teve duração curta. Por volta do ano 633 a.C. a cidade foi atacada pelos medos e depois pelos caldeus e sussianos. Nínive caiu em 612 a.C. e foi arrasada até o chão. Um grande incêndio devastou a Biblioteca e soterrou registros das sociedades que povoaram a Mesopotâmia e regiões vizinhas e, com eles, o passado do Oriente Próximo. Após a Guerra do Golfo (1990 - 1991) todas as escavações foram suspensas e as equipes de pesquisa obrigadas a deixaram o Iraque. Nínive - maior sítio arqueológico de todo o Oriente, com 750 hectares - está na lista dos 100 sítios históricos mundiais que estão mais ameaçados, segundo o “Observatório dos Monumentos Mundiais”. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante publicou, no dia 26 de Fevereiro de 2015, um vídeo mostrando a destruição de várias estátuas antigas e esculturas - algumas do século VII antes de Cristo - do Museu de Nínive.

João Scortecci