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RISORGIMENTO: VÍTOR EMANUEL II E A “MÁQUINA DE ESCREVER” DO POETA GIUSEPPE GHIARONI

Os Romanos chamam o monumento de “Máquina de escrever”. Visitei-o em 2008. O monumento foi construído em homenagem ao “baixinho” que unificou a Itália, Rei da Sardenha, Vítor Emanuel II (1820 - 1878). Sua construção significou destruir uma grande área do Monte Capitolino, uma das sete colinas sobre as quais foi fundada a cidade de Roma. Foi inaugurado em 1911 e finalizado -  somente - em 1935. A unificação italiana: Risorgimento - ressurgimento em português - foi o processo de união territorial que resultou no surgimento do Estado-nação da Itália. As últimas regiões foram anexadas ao território italiano após a Primeira Guerra Mundial, em 1919. A unificação deu-se por completa em 1929, com a assinatura do “Tratado de Latrão”, entre a Igreja - criação do Estado do Vaticano - e o ditador Benito Mussolini. No ano de 1997 publiquei pela Scortecci Editora o livro “A Máquina de escrever” do poeta e jornalista italiano Giuseppe Ghiaroni (Giuseppe Artidoro Ghiaroni, 1919 - 2008). Ghiaroni foi um radialista brilhante. Trabalhou no Jornal “A Noite” e na “Rádio Nacional”. Autor de "Mãe", uma das novelas de maior sucesso da Rádio Nacional e transformada em filme em 1948. Assessorou ainda o humorista, ator, produtor, locutor e escritor Chico Anysio (1931 - 2012), na década de 1990, quando este produzia a "Escolinha do Professor Raimundo". A obra “A Máquina de escrever” foi lançada no programa do apresentador, escritor, dramaturgo e humorista Jô Soares (José Eugênio Soares, 1938 – 2022) e o evento foi um sucesso de público e venda. Poema “A máquina de escrever” ou “carta a sua Mãe”: “Mãe, se eu morrer de um repentino mal, vende meus bens à bem dos meus credores: a fantasia de festivas cores que usei no derradeiro Carnaval. Vende esse rádio que ganhei de prêmio por um concurso num jornal do povo, e aquele terno novo, ou quase novo, com poucas manchas de café boêmio. Vende também meus óculos antigos que me davam uns ares inocentes. Já não precisarei de duas lentes para enxergar os corações amigos. Vende, além das gravatas, do chapéu, meus sapatos rangentes. Sem ruído é mais provável que eu alcance o Céu e logre penetrar despercebido. Vende meu dente de ouro. O Paraíso requer apenas a expressão do olhar...” Quando unifiquei os meus olhos, pela primeira vez, no monumento em homenagem ao Rei da Sardenha, Vítor Emanuel II, lembrei-me do poeta Giuseppe Ghiaroni. Isso – talvez – explique, gostar cada vez mais do monumento, apelidado pelos Romanos de máquina de escrever.