O poeta e tradutor francês Boileau (Nicolas Boileau-Despréaux, 1636 - 1711), autor da obra “Discurso sobre a sátira” (1666), em que zomba do clero e da aristocracia, pinta quadros divertidos e parodia escritores, é considerado um polemista - aquele que trava polêmicas - e um teórico da literatura francesa. Escrevia, principalmente, para a aristocracia, dentro da tradição de Aristóteles e Horácio. Em 1674, publicou “A arte poética” (“L’Art poétique”), poema didático de mil e cem alexandrinos clássicos, dividido em quatro canções - obra que influenciou toda uma geração de escritores. Em 1677, foi nomeado, juntamente com o poeta dramaturgo e matemático Racine (Jean Baptiste Racine, 1639 - 1699), historiógrafo do rei Luís XIV e, em 1684, entrou para a Academia Francesa. Em 1687, publicou “Reflexões sobre Longino”, popularmente conhecido como “São Longuinho”, santo da Igreja Católica. Boileau, foi venerado como grande poeta e inspirador de “Racine” e de “Molière” (Jean-Baptiste Poquelin, 1622 - 1673), ator e dramaturgo francês, considerado um dos mestres da comédia satírica. Boileau, nos versos iniciais do Canto I de “A arte poética”, afirma a necessidade de um talento inato, sem o qual a escrita poética lhe parece impossível. No entanto, ele sustenta a partir daí que esse talento natural não pode ser suficiente por si só e que ele deve se submeter às regras da poesia e, portanto, ao rigoroso aprendizado desta arte. A perfeição só pode ser alcançada quando o gênio e o respeito pelas regras são combinados. Escreveu: “Há certos espíritos cujos sombrios pensamentos, são como nuvem espessa; sempre emaranhados. O dia da razão não saberia atravessá-la. Antes, pois, de escrever, aprendam a pensar” (...) “E sem perder coragem, vinte vezes empreendam a vossa obra: limpem-na sem cessar e tornem a limpá-la, acrescentem algumas vezes, mas outras eliminem.” Em dois dos versos mais famosos de “A arte poética", afirma: “O que concebemos bem é declarado claramente/E as palavras para dizê-lo chegam facilmente.”