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REVISTA "PRESENÇA" E O MODERNISMO PORTUGUÊS

A revista portuguesa “Presença – Folha de Arte e Crítica” foi uma das mais influentes revistas literárias do Século XX. Foi lançada em Coimbra, a 10 de março de 1927, sendo publicados 54 números, durante 13 anos, até à sua extinção em 1940. A revista foi fundada por João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca e dirigida pelos dois e pelo poeta, dramaturgo, memorialista e historiador José Régio (José Maria dos Reis Pereira, 1901 – 1969). A revista “Presença” defendeu a criação de uma literatura mais viva, livre, oposta ao academismo e jornalismo rotineiro, primando pela crítica, pela predominância do individual sobre o coletivo, do psicológico sobre o social, da intuição sobre a razão. O Modernismo português teve início nos primeiros anos do século XX e desenvolveu-se até o final do Estado Novo, na década de 1970. Trata-se de um período amplo da história da literatura portuguesa, no qual três diferentes momentos podem ser observados: o Orfismo – fundado por artistas plásticos e escritores, entre eles Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Raul Leal, Luís de Montalvor e o brasileiro Ronald de Carvalho (Ronald Arthur Paula e Silva de Carvalho, 1893 – 1935); o Presencismo – representado por importantes nomes, entre eles os escritores José Régio, Miguel Torga, João Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro e Branquinho da Fonseca; e o Neorrealismo – corrente artística moderna de vanguarda, com influência socialista, comunista e marxista. O marco inicial da literatura neorrealista portuguesa foi a publicação do romance “Gaibéus” de Alves Redol (António Alves Redol, 1911 – 1969), em 1940. “Gaibéus” são camponeses da província portuguesa do Norte do Ribatejo ou da Beira Baixa que vão trabalhar nas lezírias durante a ceifa do arroz. Destacam-se, ainda, os escritores: Ferreira de Castro, Mario Dionísio, Manuel da Fonseca, Fernando Namora e Soeiro Pereira Gomes. O Neorrealismo ocorreu em diversos países europeus e teve influência no Brasil, com temáticas notadamente nacionalistas e regionalistas. O romancista, ensaísta, poeta, advogado, professor, folclorista e sociólogo Zé Américo (José Américo de Almeida, 1887 – 1980) com sua obra “A Bagaceira” (1928), marca o início do romance regionalista no Brasil. Outros importantes nomes: Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, José Lins do Rego e Érico Veríssimo.  

João Scortecci