Pesquisar

5 FOBIAS E O AMOR NA GRÉCIA ANTIGA / JOÃO SCORTECCI

Hoje, plugado no radinho de pilha, antes das 5 horas da manhã, acordei com “alguém” falando sobre ansiedade, depressão e tecnofobia. Tecnofobia? Isso mesmo. Não conhecia a expressão. Levantei e fui saber do assunto: medo, resistência, aversão à tecnologia. Minha mãe Nilce, professora e advogada brilhante, leitora voraz, odiava “botões”. Não escondia de ninguém o seu “transtorno”. Dizia sempre: “Gostaria de ter nascido num mundo sem botões!”. Tecnofobia por computadores, sistemas autônomos, celulares, aplicativos, são espinhos que assustam muita gente. “Tudo invenção do diabo!”, segundo alguns. A escrita – a mais importante de todas as invenções humanas, sem a qual nossas “ciências” seriam apenas uma “lamparina” na escuridão do conhecimento – foi recebida com desconfiança por ninguém menos do que Platão (428/‎427 a.C. – 348/‎347 a.C.), filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, discípulo de Sócrates (c. 470 a.C. –399 a.C.) e fundador da Academia em Atenas. No diálogo "Fedro", Platão sugere que a disseminação da escrita mataria a memória, pois ninguém mais se preocuparia em exercitar a capacidade de guardar informações. Lembro-me de ter escutado algo parecido quando surgiram as primeiras calculadoras eletrônicas. "O mundo vai emburrecer!". No ano de 1971, meu pai Luiz recebeu um convite especial – eu o acompanhei – para o lançamento da novidade tecnológica. O evento – chique e memorável - aconteceu no saguão do Cine São Luiz (Luiz Severiano Ribeiro), na Praça do Ferreira, no coração da cidade de Fortaleza. Quando papai Luiz morreu, fiz questão de ficar com a coleção de filmes 8 e Super 8 mm, o canivete suiço, os jogos de tabuleiros (gamão e outros) e duas calculadoras, uma Sharp, de cristal líquido e uma Curta, calculadora mecânica inventada por Curt Herzstark em 1948. Uma raridade! O livro “Fedro”, escrito por Platão em torno do ano 370 a.C. – que li no ano de 1974, no volume I, da coleção “Os Pensadores” (Editora Abril Cultural) – é um diálogo entre Platão, Sócrates e Fedro, ateniense jovem e rico, filho de Phythoclès. A obra versa, predominantemente,  sobre o amor, abordando temas diversos como a alma, a escrita e a retórica, a metempsicose, a tradição grega da reencarnação; "ero", o amor erótico; e “philia”, a amizade. Os gregos antigos tinham mais de uma palavra para definir a natureza do amor: “eros”, “philia” e “ágape”, amor por todos os seres, conexão com a natureza, a humanidade e o universo. Pesquisando na Internet sobre fobia, encontrei mais de 150 tipos. Curiosidade mata! Listei, a gosto, cinco fobias: “Ablepsifobia” (medo de ficar cego), “Agrizoofobia” (medo de animais selvagens), “Amnesifobia” (medo de perder a memória), "Toxofobia" (medo de morrer envenenado) e "Aracnofobia" (medo de aranhas). Fobias que habitam os meus medos. Estranho foi encontrar na lista das 150 fobias a “Metrofobia”, medo de poesia. Poesia? Encontrei, também, outras fobias estranhas: ": Corofobia (medo de dança), Xantofobia (medo da cor amarela), Hipopotomonstrosesquipedaliofobia (medo de palavras grandes) e Alectorofobia (medo de galinhas). Tudo invenção do diabo!

João Scortecci