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O CORDELISTA LEANDRO GOMES DE BARROS E O ENREDO DA ESCOLA DE SAMBA IMPERATIZ LEOPOLDINENSE

O poeta e gráfico paraibano Leandro Gomes de Barros (1865 — 1918) é considerado como o primeiro e o maior escritor brasileiro de literatura de Cordel, tendo escrito aproximadamente 240 obras. Campeão absoluto de vendas, com muitos folhetos que ultrapassam a casa dos 3 milhões de exemplares vendidos. Autor de obras-primas, que foram utilizadas em obras de outros grandes autores, entre eles o escritor, filósofo, dramaturgo e romancista Ariano Suassuna (1927 – 2014), no Auto da Compadecida, de dois de seus folhetos: "O testamento do cachorro" e "O cavalo que defecava dinheiro". Segundo o poeta e contista Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), Leandro Gomes de Barros foi "O rei da poesia do sertão e do Brasil". Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se espalharam pelo Nordeste, sendo considerado pelo historiador e sociólogo Câmara Cascudo (1898 – 1986), o mais lido dos escritores populares. Foi preso no ano de 1918, depois de publicar “O Punhal e a Palmatória”, trama que tratava de um senhor de engenho assassinado por um homem em quem teria dado uma surra e deixando-o sangrando os olhos: “Nós temos cinco governos / O primeiro o federal / O segundo o do Estado / Terceiro o municipal / O quarto a palmatória / E o quinto o velho punhal.”. O cordel “O testamento da cigana Esmeralda” serviu de inspiração para o enredo da escola Imperatriz Leopoldinense para o carnaval carioca de 2024. Com o enredo “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda” que conta a história do achado do testamento de uma cigana chamada Bruges de Esmeralda, que descreve, com magia e espiritualidade cigana, sobre interpretação de sonhos, sorte e leitura de mãos. O tema foi desenvolvido pelo talentoso carnavalesco Leandro Vieira. O cordelista Leandro Gomes de Barros é o patrono da cadeira de numero 1, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. No dia 19 de novembro, data do seu nascimento no sítio Melancias, em Pombal, no sertão da Paraíba, comemora-se o "Dia do Cordelista", em sua homenagem. Leandro Gomes de Barros morreu dia 4 de março de 1918, vitimado pela gripe espanhola, no Recife/PE, aos 52 anos.

João Scortecci