Pesquisar

DOENÇA DE POETA E OS HIPOCAMPOS DA POESIA

O poeta romano Juvenal (Décimo Júnio Juvenal, entre 55 e 60 – Roma, depois de 127), autor de Sátiras, sofria de Hipergrafia - tendência a escrita compulsiva e extensa -, termo médico para descrever a “doença” da escrita. A doença é desencadeada pela epilepsia do lobo temporal, e que às vezes está associada à doença bipolar, na qual a mania se alterna com a depressão. O impulso para escrever tem origem no sistema límbico – conjunto de células cerebrais associadas à emoção – e transformado em ideias “editadas” pelos lobos temporais. Encontrei o poeta romano Juvenal lendo sobre “Sátiras” fonte de uma penca de máximas filosóficas, algumas de arrancar os cabelos da razão. Exemplo: “E quem vai vigiar os vigias?” Lendo sobre Juvenal, lembrei-me dos muitos escritores que conheço - ou conheci - que sofrem ou sofriam, de hipergrafia literária. Bipolaridade de gênero! “João, o que faço: não paro de escrever?”. Nada! Respondo. Digo sempre: Uma hora o lobo temporal entra em colapso e a cura acontece, naturalmente.  Pode acreditar! Quem duvidar recomendo a obra "História da Loucura na Idade Clássica", do francês muito louco Michel Foucault (1926 – 1984). Um poeta enrustido, provavelmente. Desconhecia - morrendo e aprendendo - a existência do tal “sistema límbico”, conjunto de estruturas cerebrais interconectadas que processam emoções, comportamentos motivados e memória, responsável pela loucura ímpar dos poetas hipergráficos. “E quem vai vigiar os poetas?” Digo sempre: a poesia salva! 

João Scortecci