Lendo artigo sobre “o que está
acontecendo com o mundo”, encontrei a seguinte frase: “Vivemos uma realidade
objetiva por definição!”. Perdão. Não entendi. Vamos lá! Esmiuçando o imbróglio: Viver: “ter vida; estar com
vida”. Realidade: “o que realmente existe; fato real; verdade”. Objetiva: “característica
da pessoa que é clara naquilo que diz; que não enrola; que vai direto ao
ponto”. Definição: “exposição com precisão; explicação clara e breve; apreço ou
a essência de algo”. Agora juntando tudo. Proposta 1: “Fato real, daquilo que
muito se diz, de expor com precisão!”. Piorou. Proposta 2: “Verdade que
realmente existe, com apreço e essência de algo!”. Complicou. A criatividade é algo
perturbador e, muitas vezes, incapaz de produzir algo que faça sentido. Agora:
Eu aqui tentando “não dizendo nada”. Décadas atrás – na época aluno de Ciências
Econômias no Mackenzie, em São Paulo – recebi de um amigo de classe, numa folha
de papel, um esquema, com quatro colunas e em cada uma delas 10 frases de
efeito, que na verdade não diziam nada. “O que faço com isso?”, perguntei.
Resposta, do amigo, hoje jornalista econômico de um grande jornal: “Ajuda você
na hora de formatar um texto em economês - jargão próprio dos economistas. E
mais: os professores adoram!”. Guardei o esquema. Na verdade guardei e depois
perdi. Outro dia – lembrei do esquema – e resolvi procurar na Internet. Quadro mágico,
algo assim. Encontrei outro, que lembrava – mais ou menos – o de 45 anos atrás.
Resolvi testar. Formulei, então, duas frases impróprias, ruins de tudo, no jogo
do mexe-mexe e suas infinitas possibilidades: Teste 1: “A experiência mostra
que /a execução deste projeto /prejudica a percepção da importância /dos
índices pretendidos.”. Teste 2: “É fundamental ressaltar /o novo modelo
estrutural aqui preconizado /que nos obriga à análise /do nosso sistema de
formação de quadros.”. Anotei. Quanto ao artigo sobre “o que está acontecendo
com o mundo”, aqui com os meus verbos: “O caos /na expansão das nossas
atividades /cumpre papel essencial na formulação /das novas proposições. Viver
é isso. Ou quase isso: incompreensão total.
João Scortecci
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