Não existe explicação! Acho que nem o psicólogo Rossandro Klinjey é capaz de explicar a gosto a minha estranha mania. E olha que o cara é bom. Respeitadíssimo! Mestre Rossandro e a Terapeuta Sexual Ana Canosa, são imperdíveis. Adoram, vez por outra, perturbar a minha paz psicológica, o meu equilíbrio emocional, plantando na minha cabeça, minhocas, grilos e lagartos. Uma selva! Levo um bom tempo para voltar o normal. Fico pirado! Rossandro e Canosa - não os conheço pessoalmente - são profissionais lúcidos e competentes: caixinhas de espinhos, sem mercurocromo. Falam na lata, sem piedade. Não arrisco provocá-los! Vamos lá: não existe explicação, já disse. Segue - explicadinho - a minha estranha mania: Adoro tirar fotos do lado de bustos, estátuas, imagens, esculturas, monumentos, mausoléus e túmulos. Doideira, né? Consultá-los? Não. Vai que descubro tratar-se de algum tipo de tara macabra ou algo assim. Estou fora! A foto do post foi tirada em 2015, no bairro de Pinheiros, na entrada de um restaurante - que não existe mais - onde almoçava, vez por outra. A comida era boa e o ambiente agradável. Quando a casa fechou as portas senti pelo espaço gastronômico e pelo amigo fiel, incansável, que me recebia com simpatia e olhar de poeta. Na entrada do restaurante, do lado do vate, um pequeno jardim, uma mesinha e três cadeiras de ferro. Chegava cedo – alguns minutos antes do horário de abrir – e lá ficava, sentado, escrevendo com a cabeça, confidenciando "engodos" ao amigo de bigode, avental e óculos machadiano, versos da hora, sentimentos idos e vividos e, até, sussurros do coração. Ele - cicerone que era - parecia gostar da prosa. Não reclamava, creio. Lembro-me do nosso último encontro, véspera do dia do fechamento do restaurante. "Qual o motivo?" Perguntei. Chovia forte - quase temporal - e o poeta, ensopado, triste, desolado, com olhar vencido. Isso, talvez, explique o diálogo silencioso que é a vida: nós com nós mesmos! Já disse e repito: adoro tirar fotos ao lado de bustos, estátuas, imagens, esculturas, monumentos, mausoléus e túmulos. Fazer o quê: mania é mania.
João Scortecci