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NOITE ILUSTRADA E A TIPOGRAFIA DO LICEU CORAÇÃO DE JESUS

O Liceu Coração de Jesus é uma instituição da Congregação dos Salesianos, localizada no bairro dos Campos Elíseos, na região central da cidade de São Paulo. Foi fundado por Dom Bosco (João Melchior Bosco, 1815 - 1888), com o auxílio de Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, no ano de 1885, com o nome de “Liceu de Artes, Ofícios e Comércio”. Inicialmente, o Liceu teve como primeiros alunos os filhos de escravos libertos e de imigrantes italianos, oferecendo ensino gratuito em oficinas profissionalizantes de sapataria, alfaiataria e artes gráficas. Foram alunos do Liceu: Antero Greco, Carvalho Pinto, Franco Montoro, Fulvio Stefanini, Grande Otelo, Jânio Quadros, José Carlos Pace, Laudo Natel, Rodolfo Mayer, Mário Travaglini, Toquinho, Noite Ilustrada e outros. Vez por outra - mudando de rota - volto para casa, de carro, subindo a Av. Rebouças, pelo caminho do Rio das Pacas (Pacaembu), até o bairro de Higienópolis, onde moro. Não sei de quem foi a “genial” ideia de homenagear o cantor, compositor e violonista Noite Ilustrada (Mário de Souza Marques Filho, 1928 - 2003) com um túnel na cidade de São Paulo. Quando iluminado - de dia ou de noite - ilustra a cidade, descortina o céu escuro, quebra o inesperado, freia o tempo veloz, desacelera as dores da vida e chama a poesia. Dizem que o pseudônimo “Noite Ilustrada” foi dado pelo ator e poeta Zé Trindade (Milton da Silva Bittencourt, 1915 - 1990), que comandava, na cidade de Além Paraíba, Minas Gerais, a revista musical “Noite Ilustrada”, onde o jovem Mário de Souza Marques Filho começou a sua carreira de violonista. Noite Ilustrada deixou dois álbuns tributos inéditos, um em homenagem a Ataulfo Alves e outro a Lupicínio Rodrigues. Noite Ilustrada morreu no dia 28 de julho de 2003, aos 75 anos de idade. Não descobri - ainda - no que o poeta “Noite Ilustrada” profissionalizou-se, quando, então, aluno do Liceu Coração de Jesus. Vez por outra, no caminho da volta, o céu fica um breu total, tomando conta do túnel de tudo: noite vazia de estrelas, lâmpadas queimadas e fios roubados.    

João Scortecci