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TUDO ATUAL E MUITO PRESENTE

Segue trecho de carta do poeta, romancista e musicólogo Mário de Andrade (Mário Raul de Morais Andrade, 1893 - 1945) para o poeta e professor Alberto de Oliveira (Antônio Mariano Alberto de Oliveira, 1857 - 1937), em 1924, descrevendo o movimento modernista de 1922: "Estamos reagindo contra o preconceito da forma. Estamos matando a literatice. Estamos acabando com o domínio da França sobre nós. Estamos acabando com o domínio gramatical de Portugal. Estamos esquecendo a pátria-amada-salve-salve em favor duma terra de verdade que vá enriquecer com o seu contingente característico a imagem multifacetada da humanidade. [...] Estamos fazendo arte muito misturada com a vida." O poeta e professor Alberto de Oliveira figura como líder do parnasianismo brasileiro - escola literária que se desenvolveu na poesia a partir de 1850, na França, com o objetivo de retomar a cultura clássica - na famosa tríade Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac. O parnasianismo caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O poeta e professor Alberto de Oliveira (foto) deve ter ficado “atual e muito presente” com as “literatices” e o “pátria-amada-salve-salve” da carta enviada pelo Mário de Andrade. Na dúvida, talvez: puto da vida!

João Scortecci