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DRUMMOND E O DIA 13 DE MAIO DE 2012

O poeta Drummond, antes do sol, e aos olhos do tempo, ligou-me, tristonho, reclamando da vida, assim que soube do que fizeram com sua estátua da orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Estava deprimido e chutando pedras. Estava travestido de “José” e vazio, vencido pelo vasto mundo que é a vida. Pobre poeta Drummond. Falou-me de Itabira - quase nada - da sua terra natal, da sua infância, dos amigos que se foram e das pedras agudas que habitam a imortalidade. “Drummond, o que aconteceu?” Perguntei-lhe. “Roubaram-me os óculos”. Disse-me. Assim não consigo ver as palavras, os amores, o sentimento do mundo... Senti sua dor. “Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.” Resmungou. No silêncio do claro enigma, poetamos perdas. Depois, desligou o telefone e partiu – veloz - a galope. 

João Scortecci