“Gazeta” ou “gazzetta” – no dialeto veneziano, “gaxeta” – é o nome de uma moeda de prata da Sereníssima República de Veneza, no valor de dois centavos, do século XVI. O nome vem de empréstimo. Havia um título de 0,948 gramas e um peso de 0,24 gramas. No anverso, estava a figura do Juiz sentado e, no reverso, a do Leão de São Marcos. Foi emitida a partir de 1539, durante o governo do Doge Pietro Lando (1462 – 1545). Foi cunhada com esse peso até 1559. Em 1563, foi publicada a primeira “folha de avisos”, uma folha de notícias vendida ao público pelo preço de dois centavos. A partir de então, tornou-se um epíteto – palavra ou expressão que se associa a um nome ou pronome para qualificá-lo – para jornal, tipo específico de publicação periódica, quando os primeiros jornais venezianos custavam uma gazeta. O primeiro jornal em português, “A Gazeta da Restauração” (formato 14 x 20 cm, 12 páginas) foi fundado em 1641, pelo alvará régio concedido ao poeta, impressor e livreiro Manuel de Galhegos (1597 – 1665), um ano depois de Portugal recuperar a independência, em 1º de dezembro de 1640. Serviu de instrumento de propaganda de D. João IV (1604 – 1656), apelidado de “O Restaurador”, para consolidar o poder e combater os “feitos” dos espanhóis, durante longos 60 anos enraizados no espírito do povo português, principalmente entre a nobreza. Entre 1580 e 1640, a linha fronteiriça que separa a Espanha de Portugal deixou de existir, e os dois países formaram um só reino, chamado de União Ibérica. A primeira edição de “A Gazeta da Restauração” teve a marca tipográfica da Oficina de Lourenço de Anveres, sediada em Lisboa. As oito seguintes publicações foram impressas na tipografia do jornalista Domingos Lopes Rosa, com a redação de João Franco Barreto e depois do frei Francisco Brandão. “A Gazeta da Restauração” ganhou, ainda, uma nona edição, a última, em julho de 1642. Em 19 de agosto de 1642, por força de uma lei, foi proibida sua impressão e de todas as gazetas com notícias do reino ou de fora, com a seguinte argumentação: “Em razão da pouca verdade de muitas e do mau estilo de todas elas”.
João Scortecci