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VI E NÃO VI

Vi e não vi a ponta aguda dos dedos. Sei que do nada: lá estava tudo. Pés! O que esperava chegar ou partir e também o que não aguardava nunca. Esperas tardias, adiadas, não agendadas. Não foi surpresa dar-me ao mar. Gosto dele. Não podia ser isso ou aqui, além de ondas, areias e brisa. Vejo o sal, estrela de pontas e conchas. Todas existências. De repente o vazio. O tudo esperado do algo. Um imenso segredo do breve, talvez. Veloz, único e absoluto olhar. Vi e não vi: versos e brevidades! Círculo fátuo de velas no horizonte do longe. Espírito de Iemanjá: ou a sombra de um pássaro do céu? Passou. Passou e foi morrer no caminho, distante. Foi assim: fagulhas, linhadas, agulhas, flechas e setas. Foi assim: luas do signo de leão. Um resfolegar de gozo e dor. E depois: deltas. Águas de banho, de cheiro e flores. Gritei: Quem nos olha somos nós! Silêncio. Pensei, então: ecos de quimeras! Trilhas? Talvez. Meus heterônimos estão ferozes. Isso passa. Isso volta. Isso acontece, sempre. Dias tristes, dias alegres, dias iguais e sempre. Vi e não vi.  

João Scortecci