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O VERDE DO PAPEL

Eu e folhas verdes. Gutações! Lâminas perfiladas desenhando perfis, cheiros, formas de amor e tecidos de pele. Páginas que lêem. Nuas! Corpo de folhas, natureza e dor, na relva do dia de sol. Silueta de moça que lê. Eu a observo, assim, pausadamente: de cocar na cabeça, cotovelos plantados no dorso da terra, seios miúdos, ilhados. Observo, ainda, um fio magnético - imaginário - na cintura de mulher, felina: fita abraçando um gozo. Quem nos lê? Quem nos olha? Na cintura do jardim amarras de um cordão sensual de papel. Úmido. Talvez. Páginas roubadas de diário? Segredos? Brevidades! Tempo polinizado que lê corações, possibilidades, ocupando-se de mim: frágil e mortal. Gutações de poeta e nada mais. 

João Scortecci