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ANAGRAMAS DO CEARÁ

Gosto dos anagramas! Já colecionei. Anotava num caderno de capa de cor abóbora, um por página. Eu o perdi, acho. Um anagrama é uma palavra ou frase formada pela reorganização das letras de outra palavra ou frase, sem adicionar ou omitir nenhuma letra. Lembro de alguns: "Amor-Roma", "Pedra-Perda" e "Iracema", anagrama da palavra "América". Iracema é um termo tupi que significa "saída de mel, saída de abelhas, enxame". Na obra "Iracema - Lenda do Ceará", o escritor cearense Alencar (José Martiniano de Alencar, 1829 – 1877), criou uma explicação poética para as origens de sua terra natal. A "virgem dos lábios de mel" tornou-se símbolo do Ceará, e seu filho, Moacir, com o colonizador português Martim Soares Moreno (1586 – 1619), representa o primeiro cearense. Gosto de pensar que nós cearenses somos “anagramas”, inversão de letras e palavras. Somos sentidos diversos, direções e caminhos, de todos os mundos, ventanias e jangadas de vento e sol. Somos histórias e poesias. Martim Soares Moreno, Capitão-mor do Ceará, em 1631, escreveu uma carta para Felipe III, Rei da Espanha, de Portugal e dos Algarves, chamada "Relato do Ceará", sobre o nascimento do Ceará. Certidão de nascimento! Sobre o caderno de capa de cor abóbora eu o perdi, talvez. Anagrama da saída do mel, do gozo de Iracema, da jandaia que voo e canta: enxames! 

João Scortecci