Foi no ano de 1962, numa noite de estrelas no céu e histórias de alienígenas, que fiquei sabendo da epopeia da cadela Laika e do Sputnik 1, satélite artificial posto em órbita ao redor da Terra pela União Soviética, em 4 de outubro de 1957. “É verdade Pai?” Tinha, na época, 6 anos de idade e queria ser astronauta. “Não estou vendo nada!”. Protestei. “Pai, satélite brilha igual estrela?”. Papai Luiz, então, pacientemente, contou-me o que sabia, o que havia lido na Times, revistas de notícias, publicada nos Estados Unidos, desde 3 de março de 1923. Contou-me a história da cadela Laika e sua viagem ao espaço. Fiquei maravilhado! Anos depois - já morando em São Paulo - fiquei sabendo que a cadela Laika havia morrido queimada e sem oxigênio, logo após o lançamento do satélite. Chorei, confesso. Os Russos, até então, já haviam lançado 5 outros Sputniks ao redor da Terra. No Ceará dos anos 1960, depois do jantar, levávamos cadeiras do terraço para a calçada da rua, e lá ficávamos. Televisão chegou depois, bem depois, e a vida de caçar estrelas do céu, satélites russos e alienígenas – que nunca apareceram – ficou no tempo, no esquecimento, na infância. Vez por outra, ainda, penso na cadela Laika, queimada, sufocada, sem oxigênio, perdida no inferno do espaço sideral.
João Scortecci
- Início
- Biografia
- Livros
- Críticas Literárias
- Consultoria
- Cursos e Palestras
- scortecci@gmail.com