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DENÉBOLA, REGULUS E O CÉU DE CRIANÇA

Criança de cabeça que voa acredita em tudo! Acredita em bruxa do céu, Papai Noel e até em Saci Pererê. Eu tinha pouco mais de quatro anos de idade e já sabia que era do Signo de Leão. Nasci no dia 2 de agosto, às 4 horas da manhã. É verdade mãe? Perguntei. Durante minha infância no Ceará, isso nos anos 1960, brincava de Rei da Selva. Foi numa noite de boca cheia e céu limpo, que avistei, pela primeira vez, Denébola. É aquela ali? Apontei. É. A do rabo de felino que se movimenta feito cobra de luz no céu. Não vejo nada! Protestei. Filho, imagina a fera na sua cabeça que ela aparece! Liga os pontos do céu. Foi o que fiz. Está vendo aquela outra estrela de brilho maior? Estou. Respondi. Ela é uma estrela Alfa e se chama Regulus. Na verdade são quatro estrelas irmãs: juntas! Dizem que são os dentes do Leão. É verdade mamãe? Insisti. Mamãe riu. Parecia feliz. Naquela época a bruxa do céu contava histórias e fazia previsões sobre o fim do mundo!  Depois do clarão da noite: difícil dormir! Criança de cabeça que voa acredita em tudo. Hoje sinto saudade de Denébola, de Regulus e do infinito do céu. Voltar na infância? Sempre. Fechei, então, a janela do quarto e fui, morrer, finalmente. 

João Scortecci