O Açude Padre Cícero, conhecido como Castanhão, foi construído no ano de 1995, no leito do Rio Jaguaribe, no Ceará. É considerado o maior rio perene do mundo. Parte do ano permanece “seco” ou com pouquíssima água. Na época das chuvas ganha água de pequenos afluentes e desemboca no atlântico, perto de Aracati, distante 150 km de Fortaleza. O Jaguaribe tem extensão de 633 km e uma foz com mais 900 metros de largura. Quando lobinho da matilha Leão, isso na infância dos anos 1960, acampei nas areias fina do seu leito. Alguém adulto - Aquelá, talvez - contou na roda da fogueira da noite que o Rio Jaguaribe era mágico, místico e misterioso. Silêncio. Ganhava água do nada numa velocidade incrível e até perigosa. Na primeira noite acampados foi difícil dormir. Ouvidos atentos, coração alerta, sangue picado de medo. Tive pesadelos e visões estranhas. Eu ilhado na boca do céu nadando perdido sem rumo, sem direção. Anos depois, lendo sobre o açude do “Padim” dei de cara com os aquíferos, rochas porosas e permeáveis, capazes de reter e armazenar água subterrânea. Foi quando, então, deixei-me, voltar no tempo distante. Eu lobinho, da matilha Leão, no encantamento, possuído pelas águas mágicas do Jaguaribe. Paz, muita paz. Espírito adormecido. Pensei: Passamento no Rio Jaguaribe? Talvez. No corpo, nos subterrâneos da carne, o infinito. Tentação e luz. Lobo na selva de Leão, ventoso, alargado e solto nas areias mágicas do Rio Jaguaribe. Eu, menino dos aquíferos, feroz, na roda da fogueira, na distante noite da imortalidade. Padim: é você? Quis saber. Alguém adulto -
Aquelá, talvez - resfolegou no tempo: Vida perene e até perigosa!
João Scortecci
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