Pesquisar

COLAPSOU E DEPOIS SOL

No coração do alvo: um ponto mágico de luz. Um arco de levar flechadas, desenhado no tabuleiro das estrelas da noite. Ponto abduzido e selvagem, pungido no âmago de uma caixa de papelão azul, igual cometa inquieto. Ponto de passagem! Dentro do ponto, minúsculo, um bilhete frágil, escrito com letras do tempo. Na verdade: séculos! Bilhete-poema, escrito para o amor. Na vitrola dos ouvidos a canção “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, na voz incrível de Elis Regina. Imensidão - vasto mundo - e nada mais. Um desejo - qualquer - imortalizado no alvo: acertar - ou errar, de vez - o rabo do dragão. Dragão mirador! Dragão caçador e feroz. E o mundo, pobre mundo, em segundos colapsou de vez. Findou-se! E tudo nele desapareceu dos céus. Vazio. Fênix, então, do nada, brotou do miolo da caixa azul de papelão. E voou. Pássaro de Deus? Talvez. E lá ficou. 
  
João Scortecci