Pesquisar

ENGANAR-ME, SEMPRE!

Em 1978 participei da fundação do grupo literário “Grupo Poeco – Só Poesia", junto com amigos e alunos da Universidade Mackenzie. Quase uma academia de letras, algo assim. Era responsável pela obra do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. A ideia era simples: escrever e publicar livros e antologias. Foi, talvez, o início de tudo. Em 1982 tornei-me editor de livros. Fundei a Scortecci Editora, na Galeria Pinheiros, na loja 13, no dia 13 de agosto, uma sexta-feira 13. Um sonho antigo, cultivado desde o ano de 1971, quando, então, sonhava com São Paulo e o universo dos livros. Era jovem e acreditava que com a editora resolveria de vez todos os imbróglios do vasto e maravilhoso mundo “das letrinhas” impressas.  Enganei-me. Em 1986 abri a Gráfica Scortecci, hoje digital, especializada em pequenas tiragens. Imprimimos mais de 11 mil títulos em primeira edição. Resolvido? Não. Enganei-me, novamente. Abri, então, livrarias, canais de venda na Internet e uma logística, para distribuir, vender e comercializar livros. Era o que faltava, pensei. Enganei-me, novamente. Em 2003, abri, em parceria, a Escola do Escritor. Mais de 5 mil alunos. Queria trabalhar com a formação de autores, a arte de escrever e publicar e formar profissionais para o negócio do livro. Enganei-me. Criei, então, a Fábrica de Livros, serviço de autopublicação, o Print on Demand, serviço de impressão para pequenas editoras, o selo infantil Pingo de Letra, o Espaço Scortecci, endereço para cursos, palestras, oficinas literárias e lançamento de livros e o Projeto Livros para Todos, trabalho social e voluntário para formação e ampliação de bibliotecas públicas e comunitárias. Recebi prêmios e homenagens. Durante 50 anos participei ativamente de quase todas as entidades do setor editorial e gráfico. E, apensar de tudo, sinto-me incompleto, não satisfeito. Enganei-me! O novo ano ainda não virou e já estou sofrendo com a mesma espera de sempre. Falta tudo!    

João Scortecci