O empresário e engenheiro mecânico Henry Ford (1863 - 1947), fundador da Ford Motor Company, foi o primeiro empresário a aplicar a famosa “montagem em série” de forma a produzir automóveis em menos tempo - fabricava um carro a cada 98 minutos - e a um menor custo. Durante anos estudei as suas ideias e algumas delas, apliquei, no início dos anos 1980, na Gráfica Scortecci, quando da implantação do sistema de impressão de livros em pequenas tiragens e sob demanda. Henry Ford foi o responsável por introduzir o seu Ford T (foto), modelo que revolucionou a indústria dos Estados Unidos. Declarou, quando perguntado sobre a sua invenção: “Elas - as pessoas - não teriam pedido o automóvel, mas um cavalo mais rápido”. E uma única vez, quando pressionado sobre sua linha de montagem produzir sempre carros iguais, disse: “O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto", revelando, então, na época, parte do segredo do sucesso de produzir carros a um custo menor. A história do assoalho do Ford T é hilária. O assoalho era de madeira e a carroceria parafusada, quase que como um bloco único. Ford, criativo e esperto, passou a exigir de seus fornecedores de peças - parafusos, travas, suportes e acessórias - que fossem acondicionadas em caixas individuais, cada caixa um Ford T e que elas tivessem medidas especiais: na grossura da madeira, tamanho e furações. Na época alegou tratar-se de melhor controle e funcionalidade da própria linha de produção. Os fabricantes adoraram a ideia e passaram a vender, então, kits, onde cada caixa correspondia um Ford T. A solução agradou a todos! Ford, então, desmontava as caixas de madeira – já na medida certo – e fazia com elas o assoalho dos Ford T, reduzindo, significativamente, o seu preço de fabricação. A biografia de Ford não é de toda um exemplo, longe disso. Ficou conhecido na história como um notório antissemita, publicando uma série de quatro livros chamados “O Judeu Internacional: o primeiro problema do mundo” (1920), obra que teve grande influência na expansão mundial do antissemitismo e em particular, na formação da ideologia nazista. Ford foi condecorado pela Alemanha Nazista, recebendo a Grande Cruz da Águia Alemã. Depois da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 1942, Ford tentou deter a distribuição do livro, sem sucesso. A obra foi publicada pelo jornal antissemita “The Dearborn Independent” dirigido pelo secretário privado de Ford, Ernest G. Liebold (1884 - 1956). O jornal - fechado em 1927 - havia publicado, também, o livro “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, texto antissemita que descreve um alegado projeto de conspiração por parte dos judeus e maçons de modo a atingirem a "dominação mundial através da destruição do mundo ocidental". Li a obra no final dos anos 1970. Comprei o livro num sebo da Av. São João. Emprestei o exemplar para o meu irmão Luiz, que também o emprestou, e o livro escafedeu-se. O jornal britânico The Times revelou em um artigo de 1921, escrito pelo jornalista Philip Graves (1876 - 953), que o texto era uma falsificação que apresentava diversas passagens plagiadas da obra "Diálogo no Inferno" ("Dialogue aux enfers entre Machiavel et Montesquieu") entre Maquiavel e Montesquieu, obra satírica do escritor revolucionário francês Maurice Joly (1829 - 1878). Tudo isso para dizer o quanto estou preocupado com a expansão da Inteligência Artificial na literatura brasileira e mundial. Plágios, contrafações e bandidagens: tudo junto. Jamais misturado!
João Scortecci
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