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INFINITUDES: ENTRE O SOM E O SILÊNCIO

 A vida, desavisada de tudo, perguntou-nos: o que há entre o som e o silêncio? Nada, talvez. Não satisfeito, o menino com mãos de estrelas, aquele do brilho da música, resolveu, então, perguntar ao Maestro, que o aguardava na amplidão da hora. Infinitudes? Talvez. Maestro, o que existe entre o som e o silêncio? Insistiu. O fez olhando para o coração da luz, para o segredo perpétuo, para a voz do destino. O Maestro, então, quis e não quis responder, de imediato. Qual a razão? Nenhuma. Talvez prudência, paciência, zelo. Coisas do instante e nada mais. Ele, o Maestro, sabia - e sempre soube - mais que tudo, olhando-se: Menino, homem e idoso. Sabia do perigo que era dizer uma verdade, outras e tantas outras: a sua verdade! Olhou, então, para as teclas, para o público, para os anjos da noite e respondeu, finalmente: Coragem! E repetiu, sempre: Coragem! Eu, ali, emocionado, feliz e imortal, resfolegava sonhos, admiração e gozo. Ao meu lado: emoções, lágrimas, latitudes. Deus quis assim! Presente? Sim. Depois, nas linhas do desejo, na nau dos infinitos mundos, entre o som e o silêncio, pude, ainda, dedilhar a lua, das alegrias, dos seios, da menina moça. Ela, criatura do cio, gemeu, dentro de si e ficou: ilhada de desejos. Dormi e acordei entre o som e o silêncio do vasto mundo! Nau de paixão, velas, ventos e caminhos. Infinitudes e tudo.

João Scortecci