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AVATAR DAS IDEIAS OPORTUNISTAS / JOÃO SCORTECCI

O avatar de ideias. Yascha Mounk (1982 -     ) é um jovem cientista político germano-americano especializado em teoria política e democracia. É Professor Associado de Prática na Escola de Estudos Avançados da Universidade Johns Hopkins, em Washington DC. Autor do artigo “O pior está por vir”, de 2018, quando, então, escreveu: "Quanto mais tempo líderes populistas permanecem no poder, mais radicais se tornam. Inicialmente os populistas são limitados em sua capacidade de concentrar o poder nas próprias mãos. A partir do momento em que esses governos são reeleitos, essas limitações começam a desaparecer. O estado de direito fica ameaçado e o clientelismo do poder cresce." Democracias funcionam do equilíbrio de poderes e das coalizões - acordo político ou aliança interpartidária para alcançar um fim comum - sadias. Nas democracias “maduras” - Brasil tem provado ser uma, mesmo que aos trancos e barrancos - duas coisas não se explicam: reeleições e indicação de candidato ao poder travestido de outro. O clientelismo do "é dando que se recebe", tomou conta da política. No Brasil a emenda constitucional nº 16, de 1997, abriu a possibilidade de reeleição. A mudança beneficiou a todos que já exerciam mandatos à época, como prefeitos, governadores e também o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que, no ano seguinte, 1998, pôde se candidatar a mais 4 anos no Planalto e ser reeleito presidente. Em 2020, Fernando Henrique, escreveu que aprovar a reeleição foi um "erro". Assumiu a culpa. Declarou, ainda: "Quatro anos é pouco, talvez cinco!" Em 1997 havia ampla oposição a Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT, pois o Plano Real - que debelou a hiperinflação - estava no seu momento mais positivo. Aprovar a "reeleição" generalizou a prática da distribuição de verbas e cargos na política brasileiro. E o pior estava - mesmo - por vir. E veio.

João Scortecci