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VIDA SEVERINA E O COMEÇO DE TUDO EM SÃO PAULO

Li a obra "Morte e Vida Severina" (1955) do poeta e diplomata pernambucano João Cabral (João Cabral de Melo Neto, 1920 - 1999) no início do ano de 1972. Era novo na cidade de São Paulo e ainda ligado emocionalmente com tudo do Nordeste brasileiro. Foi nessa época que li, também, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Manuel Bandeira e José de Alencar. Alencar nunca foi um dos meus “protegidos”. Existe uma razão? Nenhuma. “Morte e Vida Severina” de João Cabral, na época, mexeu comigo. Comprei o livro no supermercado PEGPAG das ruas Das Palmeiras e Martim Francisco, no bairro de Santa Cecilia. Não existe mais. Lá - e cercanias - era o meu pedaço mágico de início de São Paulo. Não conheci o poeta João Cabral, pessoalmente. Uma das minhas muitas frustrações de leitor. Acontece. E Severino? Muito. Olha que deliciosa sua apresentação: “O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias.” Em 1952, quando o Partido Comunista do Brasil estava na ilegalidade, João Cabral foi acusado de criar uma "célula comunista" no Itamaraty, junto com mais quatro diplomatas: Antônio Houaiss, Amaury Banhos Porto de Oliveira, Jatyr de Almeida Rodrigues e Paulo Cotrim Rodrigues Pereira. Foram afastados em 20 de março de 1953. Recorreram ao Supremo Tribunal Federal e conseguiram retornar ao serviço em 1954. Hoje, dia 9 de janeiro, aniversário de nascimento do poeta João Cabral. Se vivo fosse estaria comemorando 105 anos de idade.

João Scortecci