Outro dia - não faz muito tempo - conheci um garoto, 13 anos, talvez, que no futuro quer ser um Criptoanalista, um cientista da computação, algo assim. Olhei para o seu pai, amigo das letras, ele, de pronto, respondeu-me: Não tenho nada com isso! Lavou as mãos. Tentei conversar mais com o garoto, sem sucesso. Estava abduzido num jogo no computador e eu estava, literalmente, atrapalhando. Criptoanalista é a arte de tentar descobrir o texto cifrado e/ou a lógica utilizada em sua encriptação. Um descobridor de chaves! Algo assim. Meu Pai Luiz tinha, sempre, na ponta da língua, duas chaves para tudo: “Amanhã resolvo o seu caso!” e “Problema seu!”. Odiávamos. Com tempo descobri que para “decodificá-lo” precisa primeiro chegar de leve, manso, limpar o sangue, controlar toda ansiedade da vida. Na raça, de supetão, não adiantava. Pai preciso comprar uma bola de couro nova! E ele respondia: Amanhã resolvo o seu caso! Mas a bola furou! E ele retrucava, sorrindo: Problema seu! Queria morrer! O segredo veio com o tempo. Sentar ao seu lado e esperar uma eternidade, segurando nas mãos a bola de couro furada. Uma hora - do nada - papai saia do engodo e sentenciava: Filho, você precisa de uma bola nova! Simples assim. Tento imitá-lo. Não é fácil. Alan Mathison Turing (1912 – 1954) foi um matemático, um cientista da computação, um criptoanalista, filósofo e biólogo teórico. Foi influente no desenvolvimento da moderna ciência da computação teórica, proporcionando uma formalização dos conceitos de algoritmo e computação com a máquina de Turing, que pode ser considerada na história um modelo de um computador de uso geral. É considerado o pai da ciência da computação teórica e da inteligência artificial. Durante a Segunda Guerra desempenhou um papel crucial na quebra de mensagens codificadas - configurações para a máquina Enigma -, que permitiram aos Aliados derrotar os nazistas em muitos compromissos cruciais, incluindo a Batalha do Atlântico. Qual o seu nome? Perguntei. Alan, respondeu. O pai, que nos observada, insistiu: não tenho nada com isso. O nome foi exigência da mãe. Problema seu! Respondi. Até hoje o amigo das letras me pergunta o que eu quis dizer com "o problema é seu". Respondo, sempre: Amanhã resolvo o seu caso!
João Scortecci
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